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quarta-feira, 24 de junho de 2020

EUROPOLITIQUE: As três históricas pontes de Santo Tirso: em madeira, metálica,e, de betão armado, sem a do século X de São Rosendo


«A torrente do rio rugia quebrada pelo triângulo dos pegões» (1) A ponte de madeira assentava-se sobre pedras, ou, pegões. Era a ponte inicial de Santo Tirso, na descrição de Camilo Castelo Branco. Esta ponte do século XIX foi substituída, no século seguinte, por uma ponte metálica. Somente, no final do século XX, deu origem a uma ponte de betão armado.

Há muitos anos que grandes plátanos embelezam a sua rua principal, com as suas frondosas copas, em que quase se esconde o Mosteiro de Santo Tirso. Por tradição e costume, a mesma paisagem continua ao longo dos anos. O rio, os campos de um lado do mosteiro; os plátanos e a estrada do outro lado, em que se conjuga a cidade e o campo. No centro, o coração dos frades ergue-se em oração pelo passado e futuro.


Ora, em relação ao passado emerge uma figura fundadora de conventos e mestres da oração, cujo nome dá por D. Rosendo.

Este senhor eclesiástico deve a sua origem a Santo Tirso. A palavra senhor inscreve-se no sentido laico, em que a sua designação se associa ao poder militar. O Bispo era clérigo e ao mesmo tempo militar; ou seja, chefe espiritual e temporal, porque o combate da fé lhe estava implícito.


Três personagens emergem, nesta época, tendo como palco Santiago de Compostela: D. Rosendo, Sisnando e Viking Gunderedo (o terror de Compostela).


Sisnando ” mais militar que bispo” estava em “retiro religioso”, segundo fontes galegas, quando as forças de viking Gunderedo desembarcaram em “Vacariae”, corria o ano de 968.

A rivalidade entre Sisnando e Rosendo não seria alheia a Gunderedo, já que os vikings eram exímios em colher informações, antes de qualquer incursão. Gunderedo, hábil diplomata, com escola de vida no Reino dos Francos, estava ansioso pela hora de pôr à prova os “dotes guerreiros” do impetuoso Bispo-militar Sisnando, que hábil e forçosamente tinha posto de lado por favores  régios e políticos, o seu rival religioso – D. Rosendo. 


Este “mais bispo que militar”, por força do seu opositor, dedicou-se à vida religiosa e à construção de um mosteiro, sem deixar um anátema sobre Sisnando: “quem com o ferro fere, com a espada morre”. Descrente de qualquer maldição, o Bispo-militar não resistiu às forças guerreiras de Viking Gunderedo.



(1) Camilo Castelo Branco, “A Brasileira de Prazins”, pág. 35, Edições Expresso, Lx. 2016.

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