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domingo, 17 de novembro de 2019

EUROPOLITIQUE: Breve comentário sobre a justiça, através de Mia Couto


«O sentido da justiça é uma janela que cedo se abre para a construção da nossa relação com os outros». (1)

E, os “outros” começam com a nossa infância, nessa fase de construção lógica, que se atinge por volta dos sete anos. O reconhecimento que o nosso “ego” se relaciona com outros “egos” desenvolve-se anteriormente, (numa fase resolvida por volta por cinco anos), em que o processo de identificação atinge a sua maturidade (masculina ou feminina, assumida psicologicamente). A perceção do outro como entidade diferente, mas semelhante a nós, eleva-nos à categoria de pessoa. Ao assumirmos o nosso corpo exprimimos a nossa existência. Olhámos e vemos que existem outros corpos com a mesma dignidade que a nossa. O corpo não é um simples objeto, mas um sujeito de dignidade e identificação.

Por isso, «a justiça é o primeiro momento do encontro com o sentimento social». (2)

 Este elemento básico da justiça implica o respeito pelo outro, a identificação da sua existência, e, origina que se criem as bases da luta contra a violência própria ou alheia. Os limites básicos interiores e exteriores interiorizam-se como meta que está traçada conscientemente. Uma linha vermelha extrapola-se como ação comportamental que nos permite a identificação com o outro. Todavia, este processo não é simples intuição. É assimilação de regras de satisfação de convivência que socialmente se interiorizam e expressamos como norma social. Ontologicamente as noções de bem e mal, de certo e errado, são fruto da nossa educação.


N.B. Couto, Mia, “O Universo Num Grão de Areia” pg. 135, Ed. Caminho, Lx. 2019.

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