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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Episódios da Raia. 33 - O Zé do Telhado de Agualusa


“A primeira vez que li, num jornal angolano, a expressão «traidor à pátria», seguida do meu nome, senti o coração apertar-se” (Agualusa, Milagrário Pessoal, pg.149).
A primeira vez que vi a palavra “refractário” em letras garrafais a vermelho, antecedida do meu nome, senti um grande alívio, porque os problemas da independência em Angola ainda continuavam.
Todavia, esta ousadia de ser refractário, por causa de Angola, originou uma demarcação feroz nas fronteiras portuguesas.
Gosto de ler Agualusa. Gosto de ler as descrições do “Zé do Telhado”, aliás o «Velho Teixeira», em que: “Assassinos transformam-se depois de mortos em santos pertinazes” (pg.140).
Por vezes, esta magia africana enfeitiça-nos com personagens tão perto e tão longe das nossas memórias, que nos levam junto do emblemático título de Gunderedo.
Em sonhos primaveris, em plenas águas do encantado rio Minho, aquele que se tornaria no primeiro rei da Noruega, apelidado de grande assassino se transformou ainda em vida em Santo Olaf.
Valha-nos a memória que nunca atacou a Sé de Tui e nos deu os laços que nos unem a este país irmão.
“Vou levar-te comigo...irmão”.

Episódios da Raia. 30 - Longe da macro economia


Os cidadãos portugueses vivem atónitos com a “macro-economia”.
A grande economia é para os “experts” que a conduzem e que deviam zelar pelo seu bom caminho, ilustrando os infortunados desta ciência, (embora não exacta e de cariz humana), nos seus modelos mais exequíveis.
Alguns responsáveis da “Troika” esforçam-se por conhecer a história económica deste país, as suas divergências e falhas industriais, no progresso natural de um povo, segundo relata a Revista do Expresso.
"Esta aldeia podia ter um unidade fabril, mas isso implicava uma mudança pastoral". O analfabetismo associado ao poder  originou um desenvolvimento industrial longe dos padrões europeus.
(Num colóquio paroquial, uma famoso líder de um partido político sabia muito bem que tal negócio gerava dinheiro na sua implementação, mas nada fez pela sua realização. Hoje, certamente teria dinheiro para gerir o seu partido e tinha dado um exemplo concreto da emancipação da economia em relação ao Estado, que tanto se critica!...)
A máquina do Estado tem servido para alimentar uma clientela que se apoderou desta “vaca mangedoura”, sugando-lhe o seu tutano. Por isso, se diz têm-nos faltado “homens de Estado”, possíveis líderes de uma condução política, por cima do espartilho das pequenas ambições partidárias.
A noção mais liberal da sociedade civil criou esta imagem de oposição ao Estado, como reino da ineficiência e da sua intervenção. Por isso, toda a acção que limita a noção da liberdade individual tem de ser afastada. Mas, cada vez mais, o papel do Estado tenta limitar este espaço de emancipação individual.
Aliás, cada vez é mais premente, esta ideia de “Estado-Providência”, em lugar do Deus da Idade Média.
O contributo dos cidadãos em relação ao Estado, cada vez mais dependente da sua função, tem de ter uma correlação de exigência e clareza em relação ao seu papel, não só nas instituições políticas, como também nos seus homens políticos. 

Episódios da Raia 31 - "Seven for Day"



O contributo da emigração portuguesa cifra-se no envio de 7 milhões de euros por dia.
Se a expansão da CGD, por terras espanholas, se deve ao volume de remessas de emigrantes pelas raias da vizinha Espanha (será bom relembrar que na zona de Monção e Melgaço vagueavam 9 milhões de contos, naquela altura) urge criar mecanismos de poupança que englobem este fluxo monetário.
Em tempos beneficiou-se a compra de casas com financiamentos a 50% do seu valor, ou, introduziram-se esquemas de aforro através dos mecanismos consulares, que criaram alguns imbróglios de rendimento ou poupança.
Mas, sem dúvida, que o Ministério dos Negócios Estrangeiros, que nunca ousou criar um “Banco da Exportação”, nem talvez seja a sua missão, deve estar atento aos possíveis incentivos que o volume de remessas pode gerar, em vez deste dinheiro ficar imóvel, congelado a simples economias de reserva ou de “economia fechada ou de subsistência”.
Já que a "bürgerliche gessellschaftt" , ou melhor dito, a "sociedade civil" com as suas associações e comunidades se encontra refém deste papel normativo e sociológico da relação indivíduo/Estado , ausente de um espaço historicamente concreto da interacção social entre pessoas, que sejam as possíveis contestações a dar um grito de esperança neste sistema agonizante.
Certamente que os bancos não desenvolvem mecanismos de incentivo às remessas de emigrantes, nem ilustram os seus aforradores de possíveis mais valias.
Portanto, caberá à função Estado delinear formas de fazer com que o dinheiro corra no progresso das empresas e do País.

EUROPOLITIQUE: Recordando "Platero y Yo" ....Juan Ramón Jiménez

  Na minha tenra idade escutava os poemas de “ Platero y yo” , com uma avidez e candura própria da inocente e singela juventude, que era o ...