Urge evitar as clivagens nesta Europa Unida, sobretudo a nível da “sociedade civil”, já que a “elite política” navega em águas turvas e o tempo é de austeridade.
1) Dava gosto ver aqueles alemães em fim de semana em Paris. Os autocarros deambulavam pela “Cidade Luz”, repletos pelo esplendor da cidade, ainda mais quando um copo de “champagn”e soltava as suas borbulhas na zona do “Pigalle”. E, aquele rigor austero, repleto de moral kantiana soltava-se em plena gargalhada pelo “underground”, subway” ou “metro”. Aliava a tensão do intenso “arbeit” alemão pela “coquetterie” francesa.
2) No que respeita à investigação científica repelia-se ferozmente tudo o que tinha sabor a italiano ou francês, já que se tivesse origem ibérica era de cortar páginas e páginas, nada condizente com o estilo alemão. Basta dizer que a única língua capaz de suster a filosofia era o alemão, nas intenções de Heidegger; mas neste campo perfilava-se com grande estilo a filosofia alemã em terras gaulesas.
3) A imprensa e outros meios de informação menosprezaram e desdenharam esta “exportação de ideologia”. Habituados a comprar carros, produtos tecnológicos, e outros afins, não contavam com uma mundividência tipicamente alemã, cujas raízes têm outros insondáveis contornos. Por um lado uma visão etnocêntrica da supremacia alemã, que felizmente ainda não é uma potência média ao nível do nuclear, mas que no domínio do conhecimento é extraordinária. Nela revestem dois factores interligados, não só os méritos como o orgulho, como sinónimo da mesma moeda. E nas suas faces grava-se uma tenacidade íntima e um “espécie de paixão” que irrompe com aquilo que tem “sabor” italiano ou francês.
Atrevo-me a dizer que a “menoridade latina”, sobretudo espanhola e portuguesa, carecia de um “ilustramento”, no sentido kantiano, que hoje certos profetas nos anunciam.
Mas esta “ilustração” encontra-se tipicamente misturada do “estaticismo” hegeliano. Por outro um lado revela a pretensão de nos ilustrar, e de nos dar a “ousadia de pensar” (?), mas sempre dentro do “espírito hegeliano”. Ora o “espírito do povo” alicerça-se evidentemente no “espírito alemão”.
Seria bom citar Kierkegaard, de outra forma : “que nos interessa conhecer o sistema se andámos completamente perdidos nele!....”.