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segunda-feira, 15 de abril de 2019

EUROPOLITIQUE: "Paris - Lisboa: o autocarro da liberdade" - Revista Expresso, 13 de Abril 2019




«É o Álvaro Cunhal, não é? Perguntei-lhe. O líder histórico do PCP estava sentado ao lado do condutor» - relata, na primeira pessoa, o jornalista António Caeiro, no seu artigo “Paris-Lisboa: o autocarro da liberdade”, na Revista Expresso de 13 de Abril de 2019.
No interior do Consulado e na figura de chanceler, questionava-se diretamente a figura e personagem de Cunhal ao simples empregado consular que lidava com o sector público. Longe de tais referências, somente se prolongava um vácuo em tal interrogação, todavia informando que o dr. Cunhal reclamava um passaporte para entrar em Portugal, após a Revolução dos Cravos, 25 de Abril.
«O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Álvaro Cunhal, também foi ao Consulado de Paris requisitar um passaporte. Não pediu para se avistar com o cônsul, nem se misturar com os outros exilados. Ficou a aguardar na rua, dentro de um automóvel estacionado a uma dezena de metros da porta» - prossegue António Caeiro.
Efetivamente o dr. Álvaro Cunhal não entrou no Consulado, nem tinha o cabelo preto como referência de uma certa pessoa, mas enviou três correligionários na missão espinhosa de obter um passaporte, desviando-se de uma sala de espera, pouco agradável no seu odor, e de se imiscuir com a floresta ideológica de milhares de desertores, já que a sua fuga de Portugal custara 700 contos, naquela época, (Janeiro de 1960).
Álvaro Cunhal sempre gozou de uma “aura” própria de um líder lendário, a cuja indagação sempre nos furtámos, embora, uma ou duas ocasiões, se tornassem propícias a este questionamento.
Todavia, neste artigo a “corrida ao consulado” parece defender um “discurso político”, digno de uma certa diplomacia, em que o “arquivo diplomático” surge como “prova documental” de uma realidade que não reflete a “real política”, que elevada ao seu extremo não é mais do que "puro branqueamento".
A “corrida ao consulado” não se deve confundir com “assalto ao consulado”, cuja planificação envolvia elementos internos e externos. A sua execução estava dependente da reação da polícia francesa, e dos  possíveis prejuízos económicos do seu desfecho, ou seja, a violência  pairava como “machado de guerra”. Esta planificação era comandada por certos elementos conotados com a LUAR.
A pressão sobre a emissão de passaportes foi exercida pelos estudantes portugueses de Nanterre, cuja liberdade estava limitada à circulação na Europa e em Portugal. A consciencialização deste problema junto dos funcionários do consulado originou o envio de um telegrama para Lisboa, que na época custou cem francos,e cuja resposta ficou nas "calendas gregas".
É normal que o “arquivo diplomático” exiba dois telegramas para suster um discurso diplomático eivado de receio, medo, e, sobretudo de hipocrisia, já que a luta dos funcionários consulares originou a deserção de dois trabalhadores, face à inércia diplomática, à qual não fica imune o próprio ministro do MNE da época.

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