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domingo, 25 de setembro de 2011

EURO POLITIQUE 151. O senso comum da economia. 2 - "O euro protestante e o o euro católico"

1) Se eu falar com um cidadão francês acerca do problema do euro, ele dir-me-á que é necessário desvalorizar o euro. O que é natural, para se conseguir exportar mais.

Se pudesse seguir esta lógica, os gregos com uma desvalorização do euro (com uma valorização de 1.4 em relação ao dólar) em 0,034%, teriam uma solução para os seus problemas, embora tenham de fazer os ajustamentos devido às suas contas de uma economia paralela. Portanto, aplicando esta lógica do senso comum, a desvalorização do euro seria a seguinte:

- Grécia – 0,034%

- Espanha – 0,168%   (12% da economia europeia)

- Itália – 0,21%  (15% da economia europeia)

- Portugal 0,021%

Mas, a "geometria variável do euro" não obedece a esta lógica do senso comum, nem obedece à fundamentação da criação do euro como autêntica moeda no mundo global.

O “euro” foi criado para consumo interno das mercadorias europeias. Aliás, ainda ninguém fundamentou os princípios críticos dos economistas americanos em relação ao euro.

O euro foi criado como “moeda interna” no espaço das mercadorias internas da Europa. O euro como “moeda externa” no mundo global da economia está a dar os problemas que se evidenciam. Quer dizer o “euro” funcionou ou funciona bem dentro da Europa, mas em relação ao mundo global funciona mal, obrigando certos países autenticamente à falência. Não funciona como “moeda de conjunto”, mas como “moeda parcelar”.



2) Se eu tivesse a oportunidade de falar com o Presidente desse cidadão comum francês, ele dir-me-á que a desvalorização do euro afecta por demais os negócios da “Airbus”. ("Je sais qu'un cêntime!...")

Portanto, não convém desvalorizar o euro, e toda a lógica do cidadão comum francês está errada. Abreviando, o “euro” serve para as grandes empresas europeias, mas não serve para o cidadão comum. Não se pode desvalorizar o euro, porque não é “moeda de conjunto”, mas “moeda parcelar” destas grandes empresas.

3) O “euro protestante” não se concilia com o “euro católico”. Os católicos nunca souberam lidar com o dinheiro, para ir de encontro à tese de Max Weber. A lógica protestante sempre soube tirar proveito do uso do dinheiro, os outros do seu abuso, mal uso ou desperdiço.

Portanto, no euro – moeda europeia – não se mexe, não sofre impactos de economias menores, porque a lógica que impera é das “grandes empresas europeias”. Os pequenos países que se desenrasquem.

4) Apliquemos esta exemplificação a Portugal. Como cidadão normalizado da sociedade portuguesa estou sujeito a uma aplicação de 30% do meu ordenado, quando segundo a desvalorização do “euro” estaria na obrigatoriedade entre 1 a 5%. Convenhamos que esta diferença é colossal, sobretudo para milhares de portugueses!...

Conclusão:

Quem manda, não são os políticos, são as grandes empresas e os grandes sistemas económicos (quer europeus, quer outros).
Quando não existe uma “ética global nos mercados mundiais”, em que a “economia paralela” e a “economia paralela do crime” prevalecem, todos os sistemas nacionais e internacionais andam à deriva neste mundo da globalização.
O “euro protestante” e o “euro católico” parecem confirmar a velha tese de Max Weber.Os protestantes continuarão a enriquecer, enquanto os católicos perdurarão a empobrecer.
Será que o euro serve os Estados da Europa?!...


P.S. Que política dos "eurobonds" e que "Tratado Europeu"?!...
Complemente este artigo com a 2.ª e 3.ª página do jornal "Público" (26-09-2011), posterior a este tipo de ensaio.

EURO POLITIQUE 141. O senso comum da Economia.1






Como conseguir 30 mil milhões de euros para o pequeno rectângulo à beira mar plantado?

Convém recordar que a despesa corrente de 2011, sem juros e sem amortizações, tem um déficit perto de mais de 10 mil milhões de euros, entre receitas e despesas.

Evidencia-se uma alternativa possível de conseguir 7.000 milhões de euros com a venda das famosas "goldenshare" de empresas detidas pelo Estado. Aliás, árabes, americanos e franceses florescem neste ávido apetite das empresas portuguesas. Num país com 126.916 milhões de euros de depósitos particulares, com um aumento de 8% ao ano, ou andámos a dormir, ou resolvemos alienar aquilo que pode pertencer aos portugueses!... Como?!... (Imaginação).
(Todavia, convém frisar que a dívida portuguesa é da ordem dos 170.000 milhões de euros, idêntica ao seu PIB. Falta-nos 43.084 milhões de euros).

(Como exercício prático, coloque a Galp!... os seus projectos, os seus objectivos, as suas necessidades de investimento, as suas garantias de juros, a sua administração, etc...)
(Faz um ano, o senso comum funciona, no Norte do País, perguntava-se aos bancários se deviam levantar o dinheiro do Banco: "então voçê quer metê-lo no colchão., para lho roubarem!...". Claro que o BPN existiu, e agora todos pagam!...).

É evidente que não temos uma classe rica, como a americana, que detém o equivalente ao PIB canadiano.
(Os dez mais ricos do USA possuem uma fortuna equivalente a 220 mil milhões de euros, superior em 50 mil milhões do PIB de Portugal, e a ajuda externa ao pequeno rectângulo situa-se na ordem dos 56 mil milhões).

É evidente que não temos a tecnologia japonesa que lhe permite ter a maior dívida externa, maior do mundo, durante duas décadas.

É evidente que não temos um conjunto de empresas nacionais ou internacionais que possam criar uma alavanca para tais exigências.

É evidente que os portugueses que sentem o peso de 10% nos seus ordenados, não suportam mais um acréscimo de mais 20%.

Para reunir tal quantia teríamos de “limpar 25% do dinheiro” que circula como tipo de economia ou poupança dos portugueses.

Se tivermos de subir a fasquia para os 30% de impostos obrigatórios estamos a decapitar totalmente a classe média, se ela ainda existe em Portugal.

Ainda que certas empresas consigam um “autêntico voo internacional”, os lucros de tais empresas serão repartidos pelos seus accionistas.

Portanto, afigura-se um plano que requer imaginação e audácia na sua implementação. "Imaginação ao poder", parece um slogan de Maio de 68.

O Estado tem de dialogar com os cidadãos que porventura tenham um sentido humanitário e filantrópico neste desígnio nacional.

O Estado tem o dever de criar "mecanismos de poupança" consistentes e atractivos que assegurem o bem-estar dos portugueses. Se a poupança dos portugueses se situa nos tais 126.916 milhões de euros, quais são as alternativas do Estado, em vez de "roubar" este dinheiro?!...

O Estado tem o dever de congregar todos os portugueses residentes fora do país para criar um contributo de estímulo à economia nacional.

O Estado tem o dever de elucidar, sector por sector, os benefícios de um país exportador, além de incentivar os mais produtivos.

O Estado tem o dever de dialogar economicamente com os países susceptíveis de fomentar intercâmbios financeiros de ajuda internacional.

O Estado tem o dever de informar, contabilizar, dialogar com as instituições e indivíduos, e não quedar-se em soluções de “orgulhosamente” sós.

EUROPOLITIQUE: Recordando "Platero y Yo" ....Juan Ramón Jiménez

  Na minha tenra idade escutava os poemas de “ Platero y yo” , com uma avidez e candura própria da inocente e singela juventude, que era o ...