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domingo, 13 de novembro de 2011
EURO POLITIQUE 171. Através do Senso Comum até à Economia"
No início da crise financeira pelas terras do tio Sam, um analista da bolsa dizia que a economia real era de um sexto da economia financeira.
Perante tal monstruosidade somente uma nova regulação dos mercados mundiais teria sentido, se as várias instâncias políticas globais estivessem atentas ao fenómeno da economia. No entanto, "a emissão de moeda foi ciosamente resguardada pelo poder, pelo benefício que daí advinha (um valor superior ao custo material) bem como pela necessidade de criar confiança no seu uso", como afirma João Caraça.
Costuma dizer-se que o euro, o dólar e o iene estão em crise.
Os países do Sul da Europa advogam uma desvalorização do euro contra a República de Weimar, aliada à elegância do hexágono; por isso, será que pagam 30% de desvalorização em relação ao dólar, nos seus salários, reformas e conquistas sociais?!...
“The green money” continua a ser a moeda de confiança dos países emergentes e menos emergentes, sendo o euro a “bela francesa” que a “coqueterie” financeira americana gosta de bajular e namorar.
A confiança numa moeda advém do seu poder político e militar que os europeus não têm. Além de não imprimir esta confiança ao dinheiro, subtraírem aos estados a sua função de garantia parcelar, e no seu conjunto remeteram ao particular aquilo que é legítimo do geral (de um sistema europeu, que não existe).
“Sem o dinheiro, que faz circular as coisas, somos como um corpo sem sangue.” (Anselm Jappe), e neste sentido a argúcia americana dá cartas nas manobras financeiras, embora assistamos a uma “desvalorização do dinheiro enquanto tal”, mas até lá continua a sua confiança ligada ao poder da moeda.
Ironia da história, a economia canadiana não reflecte, na sua moeda, o brilho, o “glamour” e a elegância do “green money” das terras do tio Sam.
O “poder da imagem” associou-se ao “poder da moeda”.
A economia real está longe da economia financeira, tal como a imagem está longe da realidade. Ou seja, a imagem não reflecte a realidade, mas ela própria tornou-se refém de uma realidade, a realidade virtual, e, tal como a economia financeira viaja à velocidade da luz, assim ela deixa um pálido rasto da sua passagem no seu espectro devastador. Até que uma nova ordem mundial e financeira fundamente os seus alicerces, navegamos no mar tormentoso dos "deves" e "haveres" que os mercados estabelecem sem dói e piedade, retirando a soberania que caberia aos Estados. Uma certa ordem caótica prevalece sobre a consistência e lógica dos mercados financeiros.
A trilogia do dólar, euro e iene adormecem no vaivém das ondas que os mercados imprimem, sem a ousadia de olhar para si próprios, e para as realidades que os circundam, porque ainda mantém esperanças num modelo que tem de prevalecer, quando o terreno lhes foge dos pés.
Mas sem dúvida a “bela francesa”, ou seja, a moeda europeia continua sem a fundamentação americana que espraia o seu “glamour” em todos os recatos do mundo.
Até lá, continuámos a viver com ”a mais funesta das invenções dos homens”, como dizia Sófocles, em relação ao dinheiro, cujo estigma e cruz se estende aos países do Sul da Europa.
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