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domingo, 21 de outubro de 2018

EUROPOLITIQUE: Zé do Telhado e Camilo Castelo Branco


A cadeia da Relação exibia os seus ferrolhos férreos, quer nas suas janelas quer nos seus portões, de tal forma imponente, que sendo dia feriado não permitia a sua entrada. Nem qualquer segredo da sua história se vislumbrava pelos vestíbulos do rapto de Ana Plácido pelo popular escritor Camilo Castelo Branco.

            Zé do Telhado, colega de prisão de Camilo Castelo Branco, foi um inspiradores da linguagem vernácula, popular e portuguesa deste prolixo romancista, cuja pena jorrava ao sabor da sobrevivência, malgrado os seus pecados com a dita Ana Plácido, que dos braços de um rico brasileiro se apaixonou na aventura do seu tutor.

           Camilo deleitava-se e deliciava-se com os seus amenos colóquios deste famoso e destemido “Robin dos Bosques” da terra lusitana, que na província transmontana, ressurgia como o seu ancestral herói Pelágio, na mística fama popular de “Salvador dos Pobres”, mas que de “bandido”, ou “salteador de estrada” se tornou curandeiro ou santo em terras angolanas.

Segundo relata o escritor angolano José Agualusa, no seu livro o “Milagreiro Pessoal”, o “Velho Teixeira”, ou seja, o “Zé do Telhado”, que de “herói popular” não passava de um “salteador de estrada”, nas figuras sinistras de Camilo Castelo Branco, adquiriu uma certa áurea daqueles “assassinos [que] se transformam depois de mortos em santos pertinazes”, (segundo atesta nas páginas 140, este autor).
            Por vezes, esta magia africana encanta-nos com certas personagens que estão tão perto e tão longe das nossas memórias, quer sejam das grades férreas ou do granito da prisão da “Cadeia da Relação”, quer de certa historiografia viking que nos arrasta até ao emblemático Gunderedo e seus sucessores, em que um destes “salteadores dos mares” se converteu em pura santidade, (para desdém e menosprezo de muitos galegos); e, que em “sonhos primaveris”, em plenas águas do encantador rio Minho, se tornou no primeiro rei da Noruega, apesar de apelidado de “grande assassino”, ou “salteador”, se transformou, ainda em vida, em Santo Olaf.
           Quase dez séculos medeiam esta história de “salteadores de estrada”, ou, de “reis dos mares”, em cujo sangue vigoroso se converte uma paulatina santidade, que batendo nas portas da “cadeia da Relação”, através de um misticismo africano nos desvenda certos mistérios arcanos.

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