Certamente que os chineses estão de olho nos 5% da ARAMCO saudita, cujo valor ascende a 100 mil milhões de dólares. Dinheiro não falta ao “capitalismo de Estado” da China, cujo modelo de cooperação não interfere politicamente nos interesses da Sonangol. Contudo, se a abertura de capital desta holding se colocar no mercado, certamente que não ficarão insensíveis. Mais, insensibilidade demonstraram na construção do Caminho de Ferro de Benguela que não pode rivalizar com a recente via- férrea construída do lado do Índico. Claro que esta sensibilidade, tanto se torna evidente em trabalhadores despejados em plena selva, como, em possível grupo de prisioneiros, dedicados ao trabalho. Ou seja, pedir “alta velocidade” seria um luxo e um desperdício, exigir média velocidade seria repor nos trilhos e carris o emblemático Caminho de Ferro de Benguela.
Se, a China pode despejar “sacos de dólares” e “exportar
trabalhadores” do seu sistema prisional, o primado da política submete-se ao
princípio do dinheiro. “Fazer dinheiro” é o lema de Trump, mas fica com os “olhos
em bico” com estes chineses. A relação da China com Angola é tão estreita e
conivente que nem os portugueses conseguem suster esta aliança. Por isso,
certos interesses portugueses estão dependentes do rumo, quer de Angola, quer
da China. "Portugal é demasiado pequeno para Angola, e, Angola é demasiado
grande para Portugal". (Esta visão periférica advém de uma perspectiva francesa). Apesar desta equação contraditória, o motor do seu
desenvolvimento passa por um sentido de negatividade que envolve a cooperação portuguesa.
Os críticos apelam-lha de “submissão”, os realistas de “construção negativa”. A
“construção negativa” é que certos princípios dos seus valores não são “cumpridos
ou levantados” diplomaticamente. A “camisa de forças” é a pujança económica que
a China desenvolve, sem diplomaticamente exigir alguns valores essenciais,
enquanto que a “cooperação negativa” na sua dialéctica estende, no espaço e no
tempo, o seu desenvolvimento.