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domingo, 19 de novembro de 2017

EUROPOLITIQUE: Olhares de angolanos e moçambicanos

Qualquer moçambique ou angolano médio tem um conceito de identidade nacional superior ao do cidadão português. Quando chegam a Portugal, o que desejam comprar ou ter, é do “bom e melhor” (os últimos telemóveis, os últimos fatos, etc...), para não citar os “afortunados” desses países, que gastam de forma superior. Quando se fazem comparações, entre a vida em Portugal e de África, só lamentam as estruturas que não têm no seu país.

Todavia, quando se fala de descontos e impostos nos seus salários, não gostam muito de comparações. (para não dizer, que os descontos, em Angola, para a Segurança Social são da ordem dos 3%).

Se, a ideia de “estado social” não está presente nas suas mentes, é porque a esperança, a crença ou a estabilidade nas suas estruturas é quase nula, quando esses países são de origem marxista, ou, socialista. A Segurança Social, quer em Angola, quer em Moçambique, é mesmo um “case study”. Ou seja, uma pirâmide social invertida ao contrário da europeia. O “capitalismo de estado” à chinesa, parece ser um paradigma para alguns afortunados do sistema. “A terra é do Estado”, não se vende, nem se compra, somente se aluga (quer em Angola, quer em Moçambique). A propriedade privada e as empresas privadas são fonte de receitas, sem elas o Estado não funciona.

“As coisas não funcionam”, ou seja, as instituições não são credíveis, a corrupção e a falência dos sistemas sociais é constante. (Se, por acaso, a Segurança Social tem fundos positivos, rapidamente se depilam em sistemas bancários, caso evidente, em Moçambique).

Quer a nível da saúde, quer a nível da educação, o “salve-se quer puder”, ou, a procura do ensino particular é uma constante deste grupo social. Mas, sem impostos, ou melhor sem receitas não pode haver sistemas sociais.

Estes dois sistemas básicos, não podem viver sem impostos, sem receitas. Nos países árabes, ricos em petróleo, as necessidades básicas são, em parte, satisfeitas pelo Estado. Este circuito de riqueza criada que se transfere das pessoas para as instituições e destas para as pessoas, somente com a credibilidade dos seus agentes pode funcionar. Ora, estes agentes estão nessa classe média emergente que tem de ser a alma e o motor da economia.

As estruturas que não têm no seu país dependem do grau de exigência, trabalho e consagração destas mentes, que em vez de se identificar com o “colarinho branco”, ou os colarinhos brancos, encontrem as raízes do seu desenvolvimento.

N.B. Propaga-se em "certo senso comum", que a falência do BES, se deve aos 4.500 milhões de dólares de uma garantia angolana. Se, o BES sofre embates, ou, dificuldades, a gota de água transbordou o copo com esta falta de garantia. (Aliás, 20% da economia portuguesa sofreu com este descalabro). Mas, apesar deste descalabro, a estrutura intermédia e social do País teve de reunir forçar para ultrapassar estas dificuldades.

EUROPOLITIQUE: CHEVRON: "Com os Americanos não se brinca..." - SONANGOL



Por isso, a Sonangol viu agravar a sua dívida e complicar as relações com as operadoras estrangeiras. Ninguém tira o mérito de se ter conseguido baixar os custos de produção nem de outras acções ( a que preço?), mas a falta de diálogo e o excesso de burocracia estavam a pôr em perigo a saúde da “galinha de ovos de ouro”, porque há anos que não se fazem novas licitações, prospecções e com isso a produção tende a cair até pela quantidade das reservas e idade de alguns poços. E, depois, não é mesmo concebível que um dos maiores produtores africanos tenha de importar quase todos o produto refinado. 
Tratou-se, portanto, de uma medida de gestão, pura e dura, que algumas forças, apanhadas sem argumentação, procuram agora atirar para um alegado conflito político entre o Presidente da República e o líder do MPLA, fomentando um forçado braço de ferro e pseudo divisões no partido no poder. 
E nada mais eloquente do que Isabel dos Santos
....”

Este discurso do “Jornal de Angola” que confunde “esfera do Estado” com “esfera de uma empresa”, em que, por acaso, o Estado depende de uma única empresa é interessante.
(Os tais 2.000 milhões de dólares por parte da China, já estavam consagrados anteriormente pelo seu Ex-Presidente)
Enquanto que no Brasil, o território é propriedade do Estado, em Angola parece ser da Sonangol.
 Por isso, a Sonangol vende, onde quer e como quer.
E, qual é o papel do Estado? Mero recetor de alguns dividendos. Já que o Estado não tem capacidade financeira, o recurso será a Sonangol. Empresa omnipotente, que com as suas várias facetas limita o papel do Estado. Cria empresas e holdings a seu bel-prazer, como sinónimo de rentabilidade, ou melhor dito, de uma fiel clientela. Desmantelar a supra empresa, traçar os seus limites e enquadrar as suas funções é tarefa que urge concretizar para deslindar os seus novelos, as suas teias e definir a sua estratégia. Até que os esquemas implantados sejam descobertos e desfeitos levará bastante tempo, já que eles foram aperfeiçoados na sua complexidade. Gerir uma empresa, ou, um monopólio, do qual o próprio Estado depende, é tarefa hercúlea, que além da ciência financeira, exige uma ”contabilidade analítica”, que somente os mais astutos analistas financeiros terão capacidade de fazê-la.
Do êxito ou fracasso da Sonangol dependerá muito do Estado Angolano. Olhar para o futuro da Aramco saudita, talvez seja um fio de saída do novelo, do sarilho, e, do tear em que está metido o sistema angolano. 
Para além dos contornos financeiros  - papel dos especialistas -, para além dos contextos políticos, - papel dos gestores-, uma coisa é certa:
“Com os americanos não se brinca”, e desde que a Sonangol entrou em conflito aparente com a Chevron, antes e com Isabel dos Santos, o barco começou a meter água. Como é em águas angolanas, certamente que o barco não vai ao fundo, mas que mete água, lá isso é verdade.

EUROPOLITIQUE: Recordando "Platero y Yo" ....Juan Ramón Jiménez

  Na minha tenra idade escutava os poemas de “ Platero y yo” , com uma avidez e candura própria da inocente e singela juventude, que era o ...