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sexta-feira, 31 de julho de 2020

CONVENTOS DE VILA NOVA DE CERVEIRA - Resenha histórica


CONVENTO SAN PAYO -  Freguesia de Loivo (- José Rodrigues)

- Século XIII 

Uma pequena e singela ermida, em plena encosta do monte da Pena, favoreceu a construção de um convento dedicado ao santo “milagreiro” San Payo. Os alvores deste convento apontam para a construção de uma pequena ermida, dentro do espírito franciscano. Ora, os “frades menores”, apesar da sua primeira e “má impressão dos seus andrajos”, chegaram a Portugal entre os anos de 1214 a 1217. A recente Ordem dos Frades Menores foi criada por São Francisco de Assis, em 1209, sob bênção do Papa Inocêncio III. Após cinco anos da fundação desta ordem religiosa, já, os seus seguidores rumavam em direção a Santiago de Compostela, de cuja romagem de penitência e oração, se presume, que nasceu este simples “ermitério ou oratório”, erguido nas serranias do monte da Pena. Nas fraldas da serra, numa área mais fresca e húmida do monte da Pena, protegida dos ventos do Norte, onde uma fonte nascia, ergueram-se as simples “casas de pedra e colmo” que deram origem ao futuro convento de San Payo. Aos Frades Menores associavam-se, por vezes, comunidades femininas, e neles se agrupavam leigos que pretendiam seguir o espírito de São Francisco.

- Século XIV  

Segundo certos relatos históricos, consta-se que foi Frei Gonçalo Marinho quem fundou o Convento San Paio, por volta de 1392, num local de difícil acesso, cuja balaustrada paisagista se encena com a sua bela panorâmica sobre o rio Minho. Mas, é graças ao Papa Bonifácio IX, que, em 6 de abril de 1392, se autoriza que as humildes “casas religiosas” possam ter refeitório, oratório, torre sineira e outras divisões necessárias à digna condição humana, em lugares honestos e decentes, para elevação espiritual. Além disso, o “Grande Cisma do Ocidente”, ocorrido pelos anos de 1378, contribui para a obra destes frades oriundos da Galiza, já  que a Espanha se liga ao Papa D’Avignon, e, Portugal permanece ligado a Roma, (embora este convento de San Payo se insira na renovação do espírito franciscano, e, se mantenha na dependência da organização religiosa da Província de Santiago, por obra dos frades renovadores). 
«O movimento observante em Portugal, fundado em 1392, por frei Gonçalo Marinho, Frei Diogo Árias e Frei Pedro Dias contava com cinco eremitérios: Santa Maria de Mosteiró (Valença), São Francisco do Monte (Viana do Castelo), São Paio de Cerveira (Vila Nova de Cerveira) e São Clemente das Penhas (Leça da Palmeira). (Cf. Junta de freguesia de Leça da Palmeira)».
O isolamento e a solidão colidem neste local, e, isto acontece, não só, no convento de San Payo; como também, no convento da Ínsua, em Caminha, (onde um simples poço de água doce é condição suficiente para se erguer um ermitério). Lugar de meditação e oração, o isolamento e o silêncio rodeiam estes conventos, onde se respira e aspira o ar divino, por todos os lados e por todos os poros. Sem dúvida, que o século XIV é um marco histórico deste convento. Ainda que, o seu começo se deva aos religiosos provenientes da Galiza, cujo entusiasmo deriva da romagem e dos Caminhos de Santiago, dos quais resulta a sua filiação, não quer dizer que outros penitentes não tenham criado o seu oratório, anteriormente. Por isso, este é quarto convento construído, em Portugal, num conjunto dos cinco iniciais, com quintais e cerca à volta do seu território, que, neste caso, pode resultar de algum antigo ermitério. Na coordenação das respetivas ordens religiosas, inicialmente, este convento está associado à Província de Santiago e à diocese de Tui.


 - Século XV

Neste século, o alastramento dos conventos é enorme, apesar de uma certa decadência do espírito religioso, não só, na Igreja; como também, nas ordens religiosas, cuja origem advém  dos finais do século XIV. Por isso, acontece a divisão entre “frades claustrais” e “frades observantes” (aqueles que defendem o retorno aos ideais de origem: pobreza e penitência), originando que estes obtivessem uma total autonomia, por ordem do Papa Eugénio IV, em 1446. Esta crise teve consequências no Convento de San Payo, já que os “Frades Observantes” deixaram este convento, em 1460, integrando-se, pouco a pouco, nas estruturas religiosas portuguesas da ordem franciscana.



- Século XVI

As casas religiosas, apesar da sua autonomia e relativa independência, tinham uma entidade superior que as orientavam, cuja figura era o seu provincial nas ordens católicas. Por isso, no ano de 1517, os monges da Ordem dos Frades Menores Conventuais, por ordem do Papa Leão X, estavam inseridos na “Província de Portugal dos Claustrais ou Conventuais”, com as suas vinte e sete casas religiosas, nas quais se incluía o Convento de San Payo, cuja sede era o “Convento de S. Francisco" no Porto, que congregava, somente, as casas religiosas do Norte do País. É, também, em 1517, que surge a categoria da Ordem dos Frades Menores Conventuais.



 - Século XVII

A igreja que faz parte do conjunto edificado, nas paredes laterais deste convento, presume-se que foi construída no século XVII, para acolher os muitos devotos que San Payo atraía. Embora, se augure que o seu início comece a partir de 1568, ou seja, em pelo século XVI. Mas, já desde o século XIV, que uma “feira franca” anual animava este local de devoção, cuja autorização se deve ao rei D. Dinis. Com a criação da igreja, sobretudo, a partir dos anos de 1568, o convento e sua igreja foi governado por vários vigários, tornando-se numa vigariaria. Posteriormente voltou para comando dos seus 12 frades desta comunidade religiosa, que tomam conta da sua autonomia, em 1623. Tanto no Convento de San Payo, como no Convento da Ínsua, em Caminha, o número de frades era sempre reduzido, ou seja, da ordem de uma dezena.



 - Século XVIII

No início do século XVIII, o convento de São Paio do Monte foi alvo do interesse de uma família abastada da freguesia de Covas, Vila Nova de Cerveira, em cujo concelho granjeiam grande importância. Embora os direitos de propriedade não sejam muito explícitos nesta ordem religiosa, a sua aquisição é realizada por Manuel Carlos de Bacelar, ou, Manoel Carlos de Bacelar Malheiro (1705/1758), considerado terceiro administrador da abastada Casa Carboal, na freguesia de Covas, e, com o título de fidalgo escudeiro da Casa Real, em 1737. Aliás, surge como superintendente do concelho de Vila Nova de Cerveira. Seu pai, já tinha sido governador da Praça de Vila Nova de Cerveira, e constituído em morgado, em 1691, a sua propriedade de Covas.



 - Século XIX

O convento de San Payo começa a entrar em ruínas, em 1834, com alegada apropriação particular, cuja venda acontece no século seguinte. Em 30 de maio de 1834, surge o decreto que extingue as Ordens Religiosas em Portugal. Todavia, o seu território é alvo de exploração agrícola, quer na criação de gado, quer na colheita de cereais, apesar de qualquer incêndio ocorrido. Desconhecem-se os documentos do seu cartório, os registos da sua vida monástica, já que o desleixo e abandono começam a ganhar garras para o seu lento desmoramento. 

- Século XX

Em 1974, o escultor José Rodrigues descobre este Convento, cercado de silvas e mato, encobrindo os seus muros e recheio. Antes dos anos setenta, o belo fontanário que embelezava o claustro do convento tinha sido vendido para a Quinta da Loureira, em Gondarém, que jaz em frente da sua capela. Graças à atividade de algum caseiro, até aos anos de sessenta e cinco deste século, ainda se exploravam os seus terrenos, e, o convento era visitável. Rezam, certos relatos populares, que o convento foi vendido por duzentos contos de réis. Durante os anos oitenta, sob direção do arquiteto Viana de Lima foi efetuada a renovação do convento, graças ao impulso e investimento pessoal do escultor José Rodrigues. 

 Século XXI


Museu de Arte.

Aberto ao público, funciona como museu de exposição das obras de arte do insigne escultor José Rodrigues (1936/2016), fundador da Bienal de Arte de Vila Nova de Cerveira e da Corporativa Árvore no Porto. Além disso, com as suas "oito suites" funciona como pousada de hospedagem.

P.S.

«Teve como fundador o frei franciscano Gonçalo Marinho, que aproveitou a existência no local de uma antiga ermida dedicada a S. Paio, para construir o convento, em 1392. Todavia, só no século XVII adquiriu a estrutura que hoje ainda se mantém.

De acordo com a lei monástica o convento possuía um claustro, quadrado, com cinco arcos de meio ponto; o claustro era ajardinado com canteiros altos, tendo tido chafariz ao meio, belíssimo exemplar que se encontra hoje na Casa da Loureira, em Gondarém». (Cf. Roteiro de Cerveira, "Vila das Artes")


  CONVENTO de VALBOA -   São João de Campos - 


Nos séculos V e VI, Bracara Augusta foi um lugar central da cristandade no Noroeste Peninsular. A “Sedis Bracarensis” era a capital provincial civil e sede metropolitana, impondo-se no Noroeste Peninsular, sem qualquer concorrência da diocese de Toledo. Dela emergiram dois grandes bispos que criaram as suas casas religiosas: o convento de Dume, no século VI, por obra de São Martinho, e o de São Salvador de Montélios, no século VII, por iniciativa de São Frutuoso. Estes conventos foram o início da difusão e propagação dos monges medievais e agrícolas, que se dedicavam ao “trabalho e oração” ("ore et labora"), através dos condados de Límia e Toronho.


Remonta aos anos de 1258, a sinalização desta povoação de São João de Campos, tendo como origem um “pequeno couto” dependente de seus patronos ou padroeiros, senhores leigos ou eclesiásticos, cuja notoriedade se forja com a fundação de um convento de origem feminina. O “couto per padroes” significa um território privilegiado, muitas vezes, ligado a um mosteiro, cuja entrada estava sob licença do seu mordomo, neste caso, da sua abadessa. Implicava, também, uma separação entre o religioso e o temporal, entre o convento e os casais; por isso, tinha o sentido de marco ou padrão.  A referência documental das Inquirições de 1258 assinala este povoado como um “couto feudal”, que dá origem a um convento de freiras noviças ou seculares, embora surgem relatos de que este mosteiro existe desde 1162.



Em plena Idade Média, a “Granja da Silva” é um vasto património que alberga conventos, propriedades e torres, nos quais se menciona o "Convento de Valboa". Se, a sua origem advém de D. Paio Guterres da Silva (1070-1130), é, através desta rica família, e, de Paio Guterres de Froião, que se faz referência aos rendimentos dos bens e propriedades, que transitam para o Mosteiro de Oía, quando este senhor decide ser monge.


Desde então, o património da “Granja da Silva” é disputado tanto pela diocese de Tui, como pelo Mosteiro de Oía; tanto pelos senhores eclesiásticos, como pelos senhores leigos; tanto pelos Viscondes de Cerveira como pelos Marqueses de Límia; mas, apesar de todos os conflitos, o Convento de Valboa é senhorio de abadessas. São mulheres, as monjas, que dirigem as suas rendas, os seus foros, os seus direitos, os seus tributos; que elevam as suas preces e orações; e, que sustentam os seus abades, (que chegam a ser dois na paróquia).


É, em pleno verde vale de campos à beira rio, que se encontra implantado um antigo convento feminino, cujo nome se perpetua como Valboa, em terra de São João de Campos, e, dos Viscondes de Vila Nova de Cerveira. Dos seus vestígios arqueológicos resta somente uma capela, associada a Santa Luzia, que pretende assinalar a existência deste convento. Outra versão afirma que «este mosteiro foi dedicado a Santa Ana por existir naquele lugar uma ermida de invocação a esta santa e situado no bairro da Carreira "com grandes ornamentos, com dous pateos na entrada, em que se correm touros, hum soberbo dormitório, com bom miradouro, e duas grandes cercas"»
. A sua edificação presume-se que remonte ao século XII, aos anos de 1136, ou, 1162, cujos laivos das suas origens podem ancorar-se na difusão dos “mosteiros bracarenses”, tanto masculinos como femininos. Simples casa de religiosas, refúgio de "pecadoras penitentes", ou, de "damas reclusas", a sua emergência dá lugar ao convento de Valboa. 


Ainda que a Coreografia Portuguesa apresente como seu patrono, D. Paio Guterres da Silva (1170-1129); já, em 1248, surge como sua abadessa D. Urraca Soeiro; e, somente, em 1258, a igreja de São João de Campos aparece referenciada na diocese de Tui.


Igreja e convento dividem os seus abades e a sua influência, embora os bens e rendimentos da comunidade religiosa fossem determinantes neste impasse, que se mantém até 1757. O século XII constitui um marco na afirmação deste convento de origem feminina, com abadessas perpétuas, das quais se destaca Inês Barbosa, já no ano de 1444. No século XV, dá-se a decadência deste convento, por falta de recursos próprios, mais precisamente em 1455, com a renúncia da sua abadessa. Apesar da falta de recursos, as suas abadessas trienais continuam na sua gerência, e, somente, no século XVI, as suas propriedades são integradas no Mosteiro de Santa Ana de Viana do Castelo. «Em 1582, por provisão do arcebispo D. Diogo de Sousa, e com acordo do Papa Clemente VII foi anexado à comunidade beneditina de Santa Ana de Viana do  Castelo». A partir do século XVI será o mosteiro, dedicado a Santa Ana, em Viana do Castelo, o refúgio de muitas monjas, sobretudo, no século XVIII.

Obs:  O convento de Valboa e paróquia de Serra D'Arga.
«No Censual de D. Frei Baltasar Limpo (1551-1581), refere-se que esta paróquia pertencia, na época ao mosteiro das freiras beneditinas de Valboa, situado em Campos, Vila Nova de Cerveira.
Nos inquéritos paroquiais de 1758, porém, esta igreja é mencionada como pertencendo às religiosas do convento de Santa Ana, de Viana do Castelo, que tinham o direito da apresentação do vigário. Na verdade, o mosteiro de Valboa, com todos os seus bens, fora ao tempo incorporado neste convento.
À abadessa do dito convento pertencia os dízimos da freguesia, cabendo-lhe, em contrapartida, a obrigação de pagar ao pároco uma côngrua de 12 mil réis.
Segundo o padre Cardoso, a freguesia esteve sujeita no foro secular às justiças da vila de Caminha, e no eclesiástico, às da vila de Valença». (Arq. Distrital de Viana do Castelo de 1632 a 1899).



 - CONVENTO DE SANTA MARINHA

"Canta-se pelo poema de Rosa Varela
E pelas “Alminhas do Pedroso”,
E, sem qualquer “Harpa da Tumba”
Que, no teu caminho, nunca esqueças
Esta” terra de lobos” e abadessas".


Remonta aos anos de 1258, a sinalização desta povoação, tendo como origem um “pequeno couto” dependente de seus patronos ou padroeiros, senhores leigos ou eclesiásticos, cuja notoriedade se forja com a fundação de um convento de origem feminina. O “couto per padroes” significa um território privilegiado, muitas vezes, ligado a um mosteiro, cuja entrada estava sob licença do seu mordomo, neste caso, da sua abadessa. Implicava, também, uma separação entre o religioso e o temporal, entre o convento e os casais; por isso, tinha o sentido de marco ou padrão.  A referência documental das Inquirições de 1258 assinala este povoado como um “couto feudal”, que dá origem a um convento de freiras noviças ou seculares, no lugar do Pedroso. Portanto, é desde o século XIII que, através do consagrado Caminho de Santiago, se abriam as portas aos seus peregrinos, cujos cuidados estavam dependentes destas freiras, além do trabalho agrícola que se desenvolvia neste local. Também, desde o ano de 1320 que o Catálogo das Igrejas do Bispado de Tui faz referência ao Mosteiro de “Sancte Marine de Lovho” (Santa Marinha de Loivo), cujas taxas ascendiam às 200 libras.

Como, nestes tempos a riqueza vinha da natureza, certamente que o dito convento tinha rendimentos para pagar essas taxas. Sob a tutela da abadessa do convento de Santa Marinha foi lavrada uma generosa doação de Álvaro Dias, abade de Mangoeiro, a favor de um hospital em Cerveira, no ano de 1444. Todavia, o convento de Santa Marinha, ou, simplesmente, a “casa de religiosas” beneditinas, foi anexado ao mosteiro de Santa Ana de Viana do Castelo, em 2 de outubro de 1529, após a renúncia da sua abadessa D. Francisca da Nóvoa, com o beneplácito do Papa Clemente VII, e, confirmação do rei D. João III, em 1530. A partir do século XVI, “a vigararia” de Loivo foi ocupada por António Enes, e, retificada posteriormente, segundo cópia do Censual de D. Frei Baltasar Limpo, com data de 1580. Portanto, a jurisdição de vigário implicava uma dependência ou a subordinação a alguém, tal como, anteriormente estava o exercício de poder da abadessa.


O século XVIII marca definitivamente a transição da paróquia de Santa Marinha de Loivo. O lento desaparecimento do seu mosteiro dá origem à construção da igreja atual da paróquia, cuja torre sineira já foi acabada no século XIX. A construção da igreja paroquial é um marco histórico, não só para a freguesia e seus habitantes (pela sua arquitetura), como também para o contributo dado pela família Costa Pereira na continuidade da fé religiosa. Dela rebentam os lídimos defensores ou arautos da sua fé, através da geração de padres que a ela se associam. Sem os brasões de armas da Quinta da Torre ou da Quinta do Vale, esta família burguesa que nada deve à fidalguia, tornou-se o baluarte da fé católica. É de 1802, a Carta de Recomendação, indicando que o Padre Manuel da Costa prestará serviços religiosos à freguesia de São Pedro de Gondarém, pelo tempo de quatro meses. Esta Carta tem a sua origem na comarca de Valença, para recomendação na Igreja e Abadia de Gondarém. O último rebento desta família foi Evaristo José da Costa Pereira, que em 1945, foi presidente da Santa Casa de Misericórdia de Vila Nova de Cerveira, e dedicou-se ao Hospital de Cerveira. Já, em 1915, seu pai, Luís Maria da Costa Pereira (1875/1951) tinha exercido idênticas funções, residente na “Casa da Aldeia”. Família abastada, religiosa convicta, nada devia à nobreza, e, grande parte da sua fortuna e bens tiveram a sua origem em terras do Brasil.


Rosa Varela, poetisa e prosadora, natural de Ganfei, faleceu em Loivo em 26.09.1968.

Fontes:
Arquivo Distrital de Braga
Arquivo da Freguesia de Santa Marinha de Loivo
Arquivo da Santa Casa de Misericórdia de Cerveira
Jornal Cerveira Nova

N.B. «Algumas abadessas eram autênticos senhores feudais, cujo poder era respeitado de modo igual ao dos outros senhores feudais; algumas usavam báculo, como o bispo; administravam muitas vastos territórios com aldeias, paróquias... (...) a vida de uma abadessa na época comporta todo um aspeto administrativo: as doações acumulam-se, permitindo aqui receber o dízimo sobre uma vinha, ali o direito a foros sobre fenos ou trigos, aqui usufruir duma granja e ali dum direito de pastagem na floresta...». Pernoud, Régine "O Mito da Idade Média, pg. 95,6, Publ. Europa-América, Lx. 1989.




"A posteriori"
«A primeira referência documental a este Mosteiro é feita nas Inquirições de 1258. o rei não detinha o padroado que, segundo se declara no mesmo documento, é "couto per padroes".
Em 1320, no Catálogo das Igrejas pertencentes ao bispado de Tui, que se stituavam no território de Entre Lima e Minho, o Mosteiro de "Sancte Marine de Lovho" foi taxado em 200 libras.
Foi anexado com a sua freguesia ao Convento de Santa Ana de Viana do Castelo, tendo o Papa Clemente VII, por breve de 2 de Outubro de 1529, autorizado a abadessa D. Francisca da Nóvoa a renunciar, o que foi confirmado por D. João III em 1530.
Em 1546 é referido que este Mosteiro, de "Lobeo", se encontra anexado "in perpetuum" ao de Santa Ana de Viana. Neste documento, mandado elaborar pelo arcebispo primaz, D. Manuel de Sousa, para a avaliação das freguesias de Entre Lima e Minho, fixa-se em 200 mil reis o rendimento do Mosteiro de Santa Ana de Viana das freiras, avaliado conjuntamente com os mosteiros, que lhe eram anexos, de Valboa e Loveo de Vila Nova».          
(Arq. Distrital de Viana do Castelo, 1607 a 1911)

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