“A água sobe realmente como
fumo do fundo do abismos para onde se precipita o rio Zambeze, inundando de
vapor e arco-íris a paisagem, a vegetação e as pessoas que se aproximam da
orla. Tudo brilha de gotas, cores e luz reflexa, criando um espécie de fábula
animada no planalto austral africano. Diz-se que na época de máximo caudal do
rio esse fumo de vapor se avista a várias dezenas de quilómetros, e os Nbele
tinham realmente melhor sentido toponímico.” (Gonçalo Cadilhe, África Acima,
pg.90).
Anteriormente Gonçalo Cadilhe
alerta: “Desprezando a designação que os
Nbele já tinham dado às cataratas – “Mosi-ao Tunya”,que é como quem diz “água
que sobe com o fumo” - , rebaptizou-as (David Livingstone) com o insípido e
inapropriado nome da rainha.
Os caminhos de ferro angolanos caminham lentamente em
direcção à “água que sobe com o fumo”. Com a reabilitação de 2.700 km de linha
férrea, cujos gastos ascendem a 3,3 mil milhões de dólares, e com a renovação
de 148 estações, criaram-se as condições para 4.000 postos de trabalho.
A dignidade da “sociedade civil” afirma-se pelo seu “posto
de trabalho” e pelo acesso ao crédito, sobretudo ao “crédito da habitação”, que
deve marcar o amadurecimento dos seus
cidadãos. Todavia a remuneração digna é também um anseio de todos os povos.
Certos estudos apontam que o custo da mão de obra, na
China, deve atingir o seu equivalente aos USA, dentro de quatro anos, da CEE
dentro de cinco anos, e, do Japão dentro de sete.
O preço dos bens alimentares revela-se mais caro nos países
em desenvolvimento dado o seu fraco poder de compra. Por isso à dignidade de um
posto de trabalho associa-se evidentemente a dignificação de um salário digno.
“A água que sobe com o fumo”!...