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sexta-feira, 22 de maio de 2020

EUROPOLITIQUE: "O COVID 19" , em horas de melancolia, visto em Camilo Castelo Branco


Escrevia Camilo Castelo Branco, em “As Pessoas Melancólicas” (Edições Aletheia) sobre estes sinais que parecem manifestar-se, hoje:


«Horas e dias terríveis passam por nós como períodos negros da existência». (pág.144)


Sem antes relembrar em “Coração, Cabeça e Estômago”, (pág. 144) o seguinte: «se acontece uma febre que devora centenares de pessoas, os conselhos de saúde» e, seguem-se alguns alertas adequados ao seu tempo.

 

Mas, o alvo mais certeiro de Camilo elucida-se nestas sentenças. «Cai-nos a fronte para o seio, onde o coração nos dói premido por mão de ferro. Não há lembrança feliz que possa estrelar-nos o caos da imaginação; não há raio de sol que faça abrir flor de esperança em nossa alma arada pelo desconforto».


«Cai-nos a fronte para o seio...». Realmente, parece que andamos cabisbaixos, sem o olhar alegre do outro, sem a palavra amiga que nos consola, sem o gesto que nos liberta. 


Até os raios da praia que nos espera são de desconforto para o espírito e para o corpo. 


E, no céu ou nas estrelas não reluz qualquer sonho que alimente a nossa imaginação. Estamos cercados e confinados, não por mão de ferro, mas por luva de alpaca, que parece que nos tira a nossa liberdade e que nos mata!...


Mas, no seu optimismo Camilo Castelo Branco, no seu artigo "as pessoas melancólicas", quer dar-nos um "antídoto contra a melancolia"  porque que é "a coisa que mais brutaliza a alma." 

Cf.Camilo Castelo Branco, "Coração, Cabeça e Estômago", Edições Expresso, Lisboa 2017.

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