Convalescente do “proto-eu”, do “eu-nuclear” e do “eu-autobiográfico”, como diria António Damásio, perdi-me na análise do telhado do Unesco, edifício de construção moderna, em oposição aos românticos prédios da “Cidade da Luz”, em que dois personagens estabeleciam amistoso diálogo, para gáudio da opinião lusa.
Os holofotes emanavam, longinquamente, a imagem em feixes hertzianos de insana controvérsia filosófica, quiças, embalada em subtis meandros diplomáticos.
“Somos todos cineastas mentais”, afirma António Damásio.
O contraste do filme exibido e de outros filmes escondidos reproduz na penumbra as imagens mais profundas da “Alegoria da Caverna” de Platão. Ou seja , aqueles que continuamente permanecem agrilhoados às cadeias dos vários poderes, e, aqueles que ousam desafiar o fogo ou a luz dos holofotes.
Mas como nós “somos o público exclusivo do espectáculo da nossa mente”, nada na filosofia cínica, é capaz de desfazer toda esta lógica da imagem.
As imagens são “a principal moeda da nossa mente”.
As imagens, as sobreposições de imagens, os seus desenhos geométricos, numa teatrialização de contornos infindáveis!...
Mas a minha imagem dentro do edifício da Unesco é uma imagem parasitária. O seu corpo esvaziou-se de qualquer mente consciente, para dar azo à sua imaginação, que outra realidade desnaveceu.
O palco é para os bons actores, já que tudo o mundo é um palco, e, até a própria natureza se metamorfoseia, criando a sua imagem..
Quem não cria imagem, não adquire a essência da imagem, não transpõe a sua sua linearidade, e, não expulsa a sua negatividade numa polarização convincente, requerendo as qualidades de uma magia, equidistante da filosofia.
Somente o campo político permite esvoaçar longe dos “quercus” que perenemente afirmam a sua teimosa solidez.
Portanto, não existe qualquer imagem sólida. Ela corre como o vento, todavia o “quercus” resiste ao seu movimento, tal como 10 minutos de escrita esvoaçam em movimento, neste momento.
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