Pequeno fontanário - Capela de São Sebastião |
Na confluência de dois pequenos ribeiros das águas do
Monte Goios, cuja evidência se manifesta em invernos rigorosos e chuvosos, destaca-se o escondido lugar
de Agoeiros, em Gondarém. Os fluxos e refluxos de água nascente e renascente, e, a sua sintomática hidrografia, deram origem ao
homónimo Manuel Lourenço Agoeiros, casado com Luísa Fernandes, em 15 de agosto
de 1746, em São Pedro de Gondarém, segundo o registo de casamentos desta
paróquia, referente aos anos de 1721 a 1812 (Cf. Arq. Distrital de Braga). (1)
Alvitra-se, que das famílias “Lourenço”, de cujo embrião são oriundos alguns clérigos, surgiu este homem, encarregado de guardar o "precioso líquido" em dias
estivais, ou, também de zelar pelo cultivo das suas hortas adjacentes, que deram origem ao negócio de uma “loja”, ou, à “taberna”, pertencente a Maria Joaquina dos Santos, natural de Seixas, casada com José Manuel Peres. Na condição de viúva, Maria Joaquina casa-se com o empreiteiro transmontano Manuel António Carvalho, em 1878. Desta geração surge Engrácia da Luz dos Santos que contrai matrimónio com José Rodrigues de Oliveira. Em 1895, nasce Mário da Luz dos Santos Oliveira, casado com a francesa Olga Marie Hess Taron (1899-1986). Da família Taron destaca-se o Engenheiro Mário Oliveira Taron e
seu filho Tiago Taron, advogado, que criaram, recentemente, a “ResidencialAlminha”, no lugar de Agoeiros,
em plena antiga estrada nacional. Este título e as recordações envoltas nestes nichos,
de devoção cristã e popular, fazem relembrar as “Alminhas do Pedroso”, cujos poemas
são da autoria da poetisa Rosa Varela, falecida no século XX. Apesar das vicissitudes do tempo parece que esta “casa”
pretende retornar aos velhos hábitos da antiga hospedaria.
Em 1860, com a chegada da estrada nacional (E.N. n.º 13), a “tabernae”
de D. Maria Joaquina dos Santos, transformou-se numa “estalagem” , ou, hospedaria, dando apoio ao
numeroso grupo de trabalhadores dos Caminhos de Ferro, na construção do túnel, em granito, no lugar da
Mota. “A água mata a sede, mas não mata as amarguras”. Bem, ao lado, na Capela de São Sebastião, o
santo da “resignação e do sofrimento”, ergue-se um pequeno fontanário, cujo "pipo" não remete para as alegrias de Baco, nem para qualquer caneco; mas, para uma simbologia secular,
cujas lembranças pertencem aos pastores de “cajado na mão” e seus rebanhos, através
do monte de Goios; sem esquecer a nostalgia dos ritos funerários dos romanos.
N.B.
(1) Mais tarde surge João Domingos Agoeiros, casado com Maria de Ajuda (até ao ano de 1867) tendo falecido, em 01.01. 1872. Seu filho António Domingues Agoeiros pede um "inventariado de menores" em 01.01.1873. (Arq. Distrital de Viana do Castelo).
(2) Eng. Mário Oliveira Taron; (1933-2016), filho do engenheiro Mário da Luz dos Santos Oliveira (criador das empresas "Electro Moderna" e "Electro Olivença", no Porto), e da francesa Olga Marie Hess Taron, descendente do alemão Joseph León Taron, e, da francesa Cathérine Hess.