Relata o Jornal de Angola o seguinte:
«Angola produz na Refinaria de Luanda, a única que possui, apenas 20 por cento dos derivados de petróleo que consome, importando os restantes 80 por cento».
A velhinha refinaria de Luanda, renovada ainda nos seus últimos parafusos, aguarda as tais anunciadas refinarias do Lobito e de Cabinda para suster este descalabro de produção petrolífera.
Na capital do petróleo em Portugal – Sines – assistia-se ao mergulho de um oleoduto, que nem nas águas da lagoa tocava, mas que ingloriamente não chegava ao aeroporto de Lisboa, depois de atravesar o rio Tejo, por falta de qualquer conduta aérea, ou, incapacidade de se repor 10 milhões de euros que são substituidos por 150 camiões diários - “autênticos tarefeiros do petróleo” - capazes de secar o País com a falta deste produto.
Qual é a correlação destas evidências, que parecem tão claras e distintas, que se tornam tão paradoxais, tanto em Angola como em Portugal.
Se a gloriosa Sonangol, única empresa angolana de renome internacional, gasta uma média de 73,8 milhões de dólares mensais na importação de um produto do qual ela é dona e senhora, autêntico estado dentro do estado, como ficarão os seus filhos angolanos tão depenados com esta falta de clarividência e investimento?
Ou seja, nem os bons ventos da Zâmbia de ajuda económica ou parceria animam a possível construção da refinaria do Lobito, cujo combóio espera pelo seu apito?
Mas, o oleoduto de Sines, que tanto injecta o jet como fuel ou gasolina, à sua vez, que mergulha em lagoas e rios sem levantar relva, ou, suspeita de infiltração, causou um grande calafrio, não físico mas social, na carência deste produto a nível nacional.
Se, ao contrário da Sonangol, que apesar de tudo, injecta no seu porto de Luanda estes produtos petrolíferos, através dos seus navios, ou, petroleiros, os portos portugueses não estão preparados para a sua importação, restando o vizinho espanhol em última alternativa.
É que se “estamos condenados a entendermos” entre portugueses e angolanos, parece que sofremos das mesmas virtudes e dos mesmos defeitos.
Não é somente a razão económica que impera nestes paradoxos, que ferem a lua nos seus encantos, mas o seu lado escuro e lunar que não permite ver aquilo que parece "saltar à vista", mas que certa "cegueira congénita e fraternal" nos imprime nas sendas escuras de um certo obscurantismo ou dificiência de visão.
Resta-nos que através de "tentativas e erros" sejamos levados ao conhecimento científico das coisas mais elementares do que simplesmente nos é dado pelos órgãos dos sentidos, ou, umbigo.