Se, o pretenso "Iberismo" de Miguel Esteves Cardoso (Jornal Público de 02.11.1974) fosse a referendo, certamente que tinha 40% do apoio popular. É que, apesar de nem bom vento, nem ideal casamento, a Espanha paira, muitas vezes, como "tábua de salvação" para as maleitas, ou, atraso endémico português.
Tanto, Portugal - confundido como província espanhola -
como a própria Espanha eram vistas para além dos Pirinéus, como qualquer coisa africana. Este preconceito europeu de "pobres e atrasados" ainda está vigente na profundidade de certa mentalidade europeia. Os ventos de Lutero não bafezaram os ares da Península Ibérica, e, na falta de uma brisa fresca, alguns idealistas e combatentes portugueses refrescavam-se em Espanha, como, hoje muitos populares se revêem nesta possível identidade. (Não esqueça que o prognóstico é da ordem dos 40% de portugueses - ou seja, aquilo que a Catalunha desdenha, muitos portugueses anseiam).
como a própria Espanha eram vistas para além dos Pirinéus, como qualquer coisa africana. Este preconceito europeu de "pobres e atrasados" ainda está vigente na profundidade de certa mentalidade europeia. Os ventos de Lutero não bafezaram os ares da Península Ibérica, e, na falta de uma brisa fresca, alguns idealistas e combatentes portugueses refrescavam-se em Espanha, como, hoje muitos populares se revêem nesta possível identidade. (Não esqueça que o prognóstico é da ordem dos 40% de portugueses - ou seja, aquilo que a Catalunha desdenha, muitos portugueses anseiam).
Da janela de Luís de Almeida Braga estendia-se uma paisagem bucólica, cujo zénit era a Galiza. Embora procure entender as ideias do "iberismo" ou do "integralismo lusitano" que na infância despontava no meu olhar, hoje, as minhas perpectivas encaminham-se para uma visão mais sistémica e europeia, apesar da latência de um preconceito europeu, difícil de estigmatizar. (Se não é África, são "copos e mulheres" - moderna versão).
Portugal nem é a Galiza, nem é a Catalunha. Mas, a Catalunha talvez tenha o mérito de espevitar esta identidade portuguesa, que procura a sua âncora na Europa. A busca de uma âncora para o navio português é somente um ponto de apoio para que o navio saiba navegar em alto mar, no seu lugar, caminho ou percurso. Continuámos a navegar à vista, quer em orçamento, quer em visualização de futuro. Ainda não descobrimos os intrumentos de autonomia para navegar em mar alto, (pois a nossa vocação é marítima).
Portugal é demasiado pequeno para uma amplitude que o abarca, que inconscientemente nele se reflecte; e, cuja potencialidade não se limita ao mar dos Romanos, como acontece com a Catalunha. Portugal estende-se neste mar à sua frente, parecendo não ter limites. Mas a ideia de infinito desponta de um finito. A capacidade de ser mais, somente depende da potencialidade de um ser finito em superar-se para o infinito. Seja, o poeta Pessoa, seja cada português, tudo depende da sua capacidade de ser.