«Treze
vezes cativo, dezassete vezes vendido», (a conta não bate certo), somente Fernão Mendes Pinto pode ombrear
nestas façanhas que remontam à história dos nossos Descobrimentos.
Um
dia, conversava com um amigo e com saudades de Melides, acerca da audácia dos portugueses no
capítulo na navegação. Amante do deus Baco, a sua tese era demasiado simples.
Foi graças aos "pipos de vinho e aguardente" (de medronho ou vinícola) que os portugueses realizaram os
descobrimentos. O poder do néctar, que “Baco celebra, e, Dionísios canta”, inebriava
com tanta força os ardorosos nautas contra as tempestades, que nem Camões com a sua força poética entusiasmava
esses navegantes.
Este
meu amigo que me falava de Melides, sendo ele do Norte do País, rivaliza nas suas histórias e peripécias, como este senhor de Montemor-o-Velho, cujo nome é
Pinto.
Fernão
Mendes Pinto, ex-egresso feito jesuíta, que deste poder não escapa por causa dos seus escritos, somente conseguiu publicá-los em 1614, trinta anos após a sua morte.
“O
homem que, (na literatura), não tem preço”, e cuja obra desmitifica qualquer
critério de verdade, engalanou-se com o título de Fernão Mendes “Minto”.
O
seu primeiro cativeiro tem como pano de fundo, os areais de Melides. Se, de Troia
a Sines, são 65 quilómetros de areal não deixa de ser natural que a nudez
invadisse Mendes Pinto, já que o corsário francês, que lhe levou a roupa, após roubo
e açoite, não encontrou qualquer viking; ou, não pagando o bilhete na caravela que o trouxe da Figueira da Foz até Setúbal,
quis a fortuna que o seu desterro fosse o areal de Melides. Se encontrou algum
honrado lavrador, ou, algum próspero pescador que o protegeu, é mera conjetura deste aventureiro, soldado, mendigo, pirata, cortesão ou embaixador, melhor dito, escritor.
Nesses longínquos tempos, o vinho branco de Melides não tinha um concorrente que, em vez,
da “aguardente de medronho” esvaziava “meio litro da vinícola”, por dia. Mas, o caminho
da aventura guiou esse jovem Fernão, que com menos de dezoito anos foi preso, e, por volta
de março de 1537 até aos anos de 1557 , ou seja, em vinte anos, escreveu a “Peregrinação”. Mas, o “Mar Amarelo” foi sempre aquele espelho do
delicioso néctar de cuja cor somente existia em MELIDES.
N.B. "Fernão, mentes? - Minto!". No entanto, através da história comparada, chegou-se à conclusão de que muitos dos relatos eram verdadeiros e corretos
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