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sexta-feira, 3 de julho de 2020

EUROPOLITIQUE: O primeito cativeiro de Fernão Mendes Pinto nos areais de Melides


«Treze vezes cativo, dezassete vezes vendido», (a conta não bate certo), somente Fernão Mendes Pinto pode ombrear nestas façanhas que remontam à história dos nossos Descobrimentos.

Um dia, conversava com um amigo e com saudades de Melides, acerca da audácia dos portugueses no capítulo na navegação. Amante do deus Baco, a sua tese era demasiado simples. Foi graças aos "pipos de vinho e aguardente" (de medronho ou vinícola) que os portugueses realizaram os descobrimentos. O poder do néctar, que “Baco celebra, e, Dionísios canta”, inebriava com tanta força os ardorosos nautas contra as tempestades, que nem Camões com a sua força poética entusiasmava esses navegantes.

Este meu amigo que me falava de Melides, sendo ele do Norte do País, rivaliza nas suas histórias e peripécias, como este senhor de Montemor-o-Velho, cujo nome é Pinto.

Fernão Mendes Pinto, ex-egresso feito jesuíta, que deste poder não escapa por causa dos seus escritos, somente conseguiu publicá-los em 1614, trinta anos após a sua morte.

“O homem que, (na literatura), não tem preço”, e cuja obra desmitifica qualquer critério de verdade, engalanou-se com o título de Fernão Mendes “Minto”.

O seu primeiro cativeiro tem como pano de fundo, os areais de Melides. Se, de Troia a Sines, são 65 quilómetros de areal não deixa de ser natural que a nudez invadisse Mendes Pinto, já que o corsário francês, que lhe levou a roupa, após roubo e açoite, não encontrou qualquer viking; ou, não pagando o bilhete na caravela que o trouxe da Figueira da Foz até Setúbal, quis a fortuna que o seu desterro fosse o areal de Melides. Se encontrou algum honrado lavrador, ou, algum próspero pescador que o protegeu, é mera conjetura deste aventureiro, soldado, mendigo, pirata, cortesão ou embaixador, melhor dito, escritor. 

Nesses longínquos tempos, o vinho branco de Melides não tinha um concorrente que, em vez, da “aguardente de medronho” esvaziava “meio litro da vinícola”, por dia. Mas, o caminho da aventura guiou esse jovem Fernão, que com menos de dezoito anos foi preso, e, por volta de março de 1537 até aos anos de 1557 , ou seja, em vinte anos, escreveu a “Peregrinação”. Mas, o “Mar Amarelo” foi sempre aquele espelho do delicioso néctar de cuja cor somente existia em MELIDES.



N.B. "Fernão, mentes? - Minto!". No entanto, através da história comparada, chegou-se à conclusão de que muitos dos relatos eram verdadeiros e corretos

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