Ultimamente debato-me com aqueles célebres ideais franceses de "liberdade, igualdade e fraternidade", atraiçoados por uma mesquinhez desbravante.
Aliás, nesta confusão daquilo que é a Europa, subjaz uma certa mentalidade francesa em que a razão de ser é a própria Europa que se submete à supremacia da legislação francesa.
Ainda que outro cidadão não esteja directamente submetido à legislação francesa, em caso de discórdia, o terreno do duelo tem de ser em terras francesas, como se não existisse Europa.
Parece que certos franceses querem nacionalizar aquilo que não é nacionalizável, ou seja, a livre opção de identidade de um certo cidadão. Por coincidência ou acaso, a exigência identitária francesa, nunca foi requerida, embora esteja sempre presente numa possível anuência. Se, nem a oferta de asilo político reverteu em algum favor, nem o pedido de nacionalidade se revestiu de alguma exigência. Mas, estabelecer tribunais na sua própria terra requer a mesma petulância de exigir o cumprimento da legislação francesa, quando os próprios negligenciam a europeia.
Subverter os próprios princípios jurídicos por uma exigência moral de "lei e senhor" reverte-me para a moral formal de Kant, e neste sentido só um "cogito" cartesiano pode fundamentar esta coerência. Todavia, o problema não é meramente existencial ou moralista. É uma questão ética e política que colectivamente encerra o aspecto individual, ou seja, não é somente o próprio indíviduo que está em causa, mas também a própria sociedade em que este indivíduo permanece, age, vive e mora.