«Por
iniciativa da professora Conceição Valente nasceu o projeto educativo na”
Escola Primária de Gondarém”, no ano letivo de 2000/01, tendo como objetivo fazer
renascer uma tradição, quase secular, do folclore de Gondarém. Esta iniciativa granjeou
o rápido apoio da Junta de Freguesia de Gondarém, ciente do famoso grupo dos
“cinco de Gondarém”, sob a batuta de Pedro Homem de Melo. Um dos objetivos do
Rancho Folclórico Infantil de Gondarém é resgatar este património espalhado nos
arquivos da RTP, nas redes sociais, e em variados comentários digitais; sem
esquecer a lembrança indelével de Amália Rodrigues, sobre esta localidade. A dança e o canto juntam-se para espalhar a
inconfundível “Gota de Gondarém”.
«Os cinco de Gondarém»
Efetivamente não era um quinteto, mas
um quarteto que dançava a “Gota de Gondarém”, composto por “Cândida do
Guilhadas, Leandro do Milé, Artemisa do Penedo e o Patego», ao som da
concertina do “Tio Benigno”, que Pedro Homem de Melo tratava pelos “cinco de
Gondarém”. Dois pares de “bailarinos” que formavam um quarteto, difundindo o
“folclore” nos estúdios da RTP no “Monte da Virgem”, em Vila Nova de Gaia, nos
anos sessenta do Século XX.
Por volta de 1965, surge o primeiro
“45 rotações”, disco gravado nos estúdios “Alvorada”. Este quarteto podia ser
acompanho por vozes de um coro; e, assim sucedeu nos anos setenta do século XX,
pelas gargantas da Amabélia da Chazinha e Joaquim do Penedo, em nova versão do
Grupo Folclórico de Gondarém, sob a batuta de Pedro Homem de Melo.
Portanto desde anos de 1960, que a famosa “Gota de
Gondarém” começa a ser elogiada pela voz torneante e cavernosa do “Poeta do
Povo”: «três figuras-base a tornam única, dentro das “gotas” do Alto Minho: o
“meio passo”, o “revirado” e “cada qual leva a sua”. Dança coreográfica, por
excelência, com um ritmo que é o próprio balanço dos corpos, com um
“estribilho” e “marcas” de extraordinária beleza; na “francesa”, os braços é o
ar que os sustem, e, os pés, esses passam leves sobre o solo, que nem lhes
foge, nem o retém». Cf. (Aurora do Lima, 03.04.1996). E, o Poeta clama:
«Onde
estás Artemisa
Leandro, Patego e tu
Corpo intacto, intacto e nu
Correndo na praia lisa?
Nada haverá que me açoite
Meu amor! Meu inimigo
E aceito das mãos da noite
A memória por castigo»
A “memória por castigo” têm-na aqueles que te viram nas
tuas correrias entre “Gondarém e os estúdios do Monte da Virgem”, ou, salpicando
os teus “pés nos areais de Moledo”. Não esquecendo, aquele ensaio no terreiro
da Estação de Gondarém, apinhado de gente, onde hoje está a sede do “Rancho
Infantil”. Ou, ainda, o carinho da tua mão sobre aquele bailarino que sete
vezes anunciou casamento, e à sétima, se casou. Mas, sobretudo, a voz pausada e
cavernosa, que com redobrado carinho, anunciava a “Gota de Gondarém”, na RTP. Só,
nos resta agradecer através do tributo que a voz de Amália Rodrigues entoa: "Vim morrer a Gondarém!..."
O retorno:
Rancho Folclórico Infantil de Gondarém
A nostalgia de outros tempos encontra-se colmatada pela aprendizagem de novatos dançarinos nas artes folclóricas (dança e música que ao povo pertence), que renovam esta tradição cultural. Por isso, aqui deixámos a “ficha técnica” do “Gabinete
de Comunicação e Imprensa de Vila Nova de Cerveira”. «Por sua
vez, e procurando incutir as tradições nas novas gerações, o Rancho
Folclórico Infantil de Gondarém é fruto de um projeto educativo,
elaborado no ano letivo 2000/2001, em parceria com a Autarquia e a Comunidade
Educativa, criando assim sua secção infantil “Rancho Folclórico Infantil de
Gondarém”. No dia 25 de Abril de 2001 foi constituída a Associação com a
denominação de Rancho Folclórico Infantil de Gondarém. Com o crescimento das
crianças e o surgimento de outras, este Rancho passou a Rancho Infantil e
Juvenil, e tem atuado em festas e festivais de Norte a Sul do País e no
estrangeiro.»
N.B.
Diário da República
n.º 164/2003, Série II de 2003-07-18
Governo Civil do Distrito de Viana do Castelo / Listagem n.º
198/2003. Cf. (Ministério da Administração Interna -
Governo Civil do Distrito de Viana do Castelo, 28-3-2003 - Rancho Folclórico Infantil de Gondarém -
Vila Nova de Cerveira).
Vide:
Artigo “Jornal
de Notícias” de “Ana Fernandes Peixoto” sobre a professora “Presidente
Conceição Valente”, fundadora do rancho, (J.N. 01.04.2007).
Artigo de António Barros Lopes no jornal “Aurora
do Lima”, 12.09.2019 (V.C.).
Gota de Gondarém (Dance of Gondarém) - «This gota of Gondarém, a village located about four
kilometers north of Viana do Castelo, is performed by a local enthusiast of the
musical traditions of northern Minho», in Blogue "Portugal, Festas do Minho").
Várias referências no Jornal "Cerveira Nova", 20.06.2006.
“O Nelson que tinha
a alcunha de "Vilarinho de Covas" cresceu a ouvir a concertina do tio Benigno
de Gondarém. Um dia, e já tocador de harmónio, foi corrido de um baile, só por saber
tocar o “Raspa”. De Covas raspou-se para Lisboa, jurando, só voltar, quando
soubesse tocar concertina. Em Lisboa foi carvoeiro, e, no Alentejo, com o seu sotaque
nortenho, vendia bebidas tornando-se no “cana verde”. A sua concertina, comprada
numa feira da Malveira, levou-o pelo mundo fora e faleceu em 2013, com 91 anos
de idade. (Texto adaptado,
que agradeço ao autor, Manuel D. Loureiro, in "Blogue do Minho" de Carlos Gomes).