Subjectivamente, gosto da moeda única, embora tenha inveja da “nota verde” –
o dólar, idolatrado pelos sul americanos; e, confundido com certos africanos,
quando querem pagar em dólares, pensando que vale mais que o euro.
Objectivamente, deixo aos economistas a solidez da “moeda única” que navega
em ”maus lençóis”, quer internamente com o fardo da dívida portuguesa, quer no
seu “uso” como instrumento do desenvolvimento económico lusitano.
Todavia, o “euro” deu-nos este conforto de solidez e irmandade que nos une
como europeus; e, para além de ser um instrumento da economia europeia devia
subornar-se às suas exigências de unificação, já que o número é somente medida
da “coisa”, da “mercadoria”, do trabalho inscrito na matéria, e, por cima dele
está a actividade humana.
Qual o valor e força desta actividade humana na construção europeia (nos
seus valores, na sua política e nos seus ideais – estados sociais) deve
permanecer como “tábua ou quilha mestra de um barco” a reconstruir-se?
As certezas económicas não podem ser a únicas a comandar a vida dos
europeus, embora o “homem económico” seja um dos fundamentos do seu modo de
existir.
Advogar um “núcleo duro” da “moeda única”, constituído pela Alemanha,
Áustria, Holanda e Finlândia contra uma “periferia” da Espanha, Itália, França
e Portugal (onde, a Grécia é excluída) faz me lembrar um psicólogo americano Sherif que dizia que: quando uma criança introjecta o racismo
em criança, nunca mais aceitará os negros como pessoas.
Ora, como afirma o alemão Meuthen:
«o euro é uma semente de discórdia numa Europa com distintas culturas monetárias
e diferentes níveis de competitividade», justificando a criação de duas moedas,
uma para os ricos e outras para os mais desfavorecidos. Isto remete-nos para
os "eternos preconceitos psicológicos" que um núcleo duro nunca é desmontado pelo
seu periférico, quando as abrangências e constituições deste mesmo "núcleo nuclear" tem divergências
e fracturas na sua própria formação. Oxalá, que os "novos nacionalismos" arrefeçam nas suas intenções.
A economia deve estar ao serviço do homem, e não pode ser a sua única
dimensão. Encontrar as formas de ultrapassar este impasse, torna-se em defender pessoas, e, em fortalecer o euro contra o dólar e yuan.