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domingo, 30 de outubro de 2011
EURO POLITIQUE 161. -"Um euro à deriva" (Habermas)
“Os actores políticos não deviam esquecer os defeitos da construção que estão na fundamentação da união monetária e que poderão ser ultrapassados por uma união política adequada: falta à U.E. as competências necessárias à harmonização das economias nacionais, que conhecem divergências drásticas nas suas capacidades de competição”. Resumo da conferência de HABERMAS.
A metodologia económica entregue somente aos mecanismos financeiros assenta numa única lógica de lucros, ou seja, a lógica dos mercados. Qualquer país fica à deriva dos seus mecanismos, quando não usufrui de “autonomia” e se encontra num “colete de forças” que obedece simplesmente à lógica de alguns intervenientes, simplesmente ao liberalismo económico, digamos aos mercados. Os “imperativos económicos” consignados nessas suas estruturas não são acompanhados nas suas exigências por determinados países. Se as regras são iguais para grandes e pequenos países, quer em volume de produção, quer em valor de competitividade, os seus rendimentos deviam ter uma equivalência sem necessitar de uma “harmonização” para poder conduzir a estes desígnios, o que infelizmente não acontece.
A possível previsão e valorização do euro em relação ao dólar, para o ano de 2013, somente convém aos países ricos do sistema da U.E. Os países pequenos desejariam uma desvalorização do euro, ou, melhor ainda a “emissão de moeda” para colmatar as suas deficiências.
A Europa a “duas velocidades” somente tem sentido em lógicas distintas, sem possível convergência a não ser que se encontrem caminhos de “harmonização”.
Se a economia não é uma ciência exacta que controle o sistema de causa/efeito, e nos dê o controlo dos seus fenómenos (económicos e financeiros), ela surge como uma possível leitura da realidade económica na qual subjazem os seus produtores ou cidadãos. Por isso o número económico não pode ser somente a medida da cidadania europeia. É necessário encontrar caminhos de cidadania, é necessário encontrar uma metodologia económica que valorize esta cidadania, que somente autênticos “actores políticos” a podem consignar.
"Mais Europa" não quer dizer somente mais número económico, mas um desenho da própria Europa, que passa evidentemente pelo seu desenho económico. Nisto quer-se verdadeiros "actores políticos" para uma nova construção europeia, para uma autêntica fundamentação do euro.
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