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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Em horas do relógio





O prenúncio da agonia do robusto corpo alerta a mente para a preparação do um incógnito destino que se desenha como futuro enigmático.
O enigma da natureza que se estende e prolonga no tempo, em que uma voz se instala no horizonte do infinito. O finito fenece como dádiva do tempo, e a sua finitude alimenta-se do suave vento que desperta a imobilidade das folhas, cujo alento agoniza no horizonte . Sente-se que a voz deixará de ecoar pelos recantos da natureza, cuja física esconde insondáveis destinos.
A voz, o canto inebriante do ser humano reproduz o sopro do barro que alimenta a sua matéria.
  -  “Estou cá”! - Nestas latitudes que o tempo demarcou.
“A voz” – este grito de ser humano.
Grito, gemido, fala, conversa, diálogo, talvez monólogo de um signo que deseja ou inveja com ardor ou relutância, no tempo que nem sempre se alcança.
“Grão de tempo ou grão de milho
que alimenta e fermenta,
regenera ou degenera
numa mó de vida
que rodopia em fugaz movimento”.
“Mas esta força motriz da natureza
que move e embeleza de cor o rude grão da semente,
que somos como gente”.
Floresci em terra de semeador, sem ser cultivada.
“Os frutos deste grão
são a semente de um pão
que se ergue pelas suas mãos”.
 - Sé ou catedral elevam-se em oração.
“Deixei que a parábola do semeador
se movesse no seu corredor”.
“Corri no tempo” e no curso da natureza me encontrei.
Árvore, fruto ou grão vivificam-se com a água, o ar, a luz
 que reluz
em forma de cruz,
do peso que se conduz”.
“Cada vez mais o vento, a brisa e o seu cheiro me encantam com o seu sussurro de alento na ânsia de qualquer tormento”
“O movimento das verdes folhas são pastagem
da minha miragem,
cujos movimentos se escondem nas coordenadas do tempo”.
“O tempo”, esta marca física presa ao corpo atravessa-se mentalmente como processo de limitação e exaustão.
“A dádiva do tempo”, cuja gota se transforma num instante,
 num novo movimento
entre o ser e o nada,
entre o entusiasmo e a tristeza,
entre o riso e soluço,
tão próximo e tão distante do seu percurso”. 

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