O prenúncio da agonia do robusto
corpo alerta a mente para a preparação do um incógnito destino que se desenha
como futuro enigmático.
O enigma da natureza que se
estende e prolonga no tempo, em que uma voz se instala no horizonte do
infinito. O finito fenece como dádiva do tempo, e a sua finitude alimenta-se do
suave vento que desperta a imobilidade das folhas, cujo alento agoniza no
horizonte . Sente-se que a voz deixará de ecoar pelos recantos da natureza,
cuja física esconde insondáveis destinos.
A voz, o canto inebriante do ser
humano reproduz o sopro do barro que alimenta a sua matéria.
- “Estou cá”! - Nestas latitudes
que o tempo demarcou.
“A voz” – este grito de ser
humano.
Grito, gemido, fala, conversa,
diálogo, talvez monólogo de um signo que deseja ou inveja com ardor ou
relutância, no tempo que nem sempre se alcança.
“Grão de tempo ou grão de milho
que alimenta e fermenta,
regenera ou degenera
numa mó de vida
que rodopia em fugaz movimento”.
“Mas esta força motriz da
natureza
que move e embeleza de cor o rude
grão da semente,
que somos como gente”.
Floresci em terra de semeador,
sem ser cultivada.
“Os frutos deste grão
são a semente de um pão
que se ergue pelas suas mãos”.
- Sé ou catedral elevam-se em oração.
“Deixei que a parábola do semeador
se movesse no seu corredor”.
“Corri no tempo” e no curso da
natureza me encontrei.
Árvore, fruto ou grão
vivificam-se com a água, o ar, a luz
que reluz
em forma de cruz,
do peso que se conduz”.
“Cada vez mais o vento, a brisa e
o seu cheiro me encantam com o seu sussurro de alento na ânsia de qualquer
tormento”
“O movimento das verdes folhas
são pastagem
da minha miragem,
cujos movimentos se escondem nas
coordenadas do tempo”.
“O tempo”, esta marca física
presa ao corpo atravessa-se mentalmente como processo de limitação e exaustão.
“A dádiva do tempo”, cuja gota se
transforma num instante,
num novo movimento
entre o ser e o nada,
entre o entusiasmo e a tristeza,
entre o riso e soluço,
tão próximo e tão distante do seu percurso”.