Certamente que para a cultura intelectual francesa “Magalhães”
é um nome exponencial que ultrapassa a "simples e modesta memória popular" gaulesa de
Eusébio ou Amália Rodriguez. A sua elocução
ou recitação intelectual francesa faz esquecer a "memória da identidade portuguesa" acerca de Vasco da
Gama ou Camões; sobretudo, no momento ou na época, em que era descoberto Fernando Pessoa, em finais do século XX.
Quando lemos a obra de Stefan Zweig (1881, Áustria -1942, Brasil) sobre as atribulações deste distinto
navegador da circum-navegação mundial, começamos a entender melhor o objeto desta
distinção entre a dita classe dos intelectuais franceses.
Em 10 de agosto de 1519, partiram de Sevilha cinco embarcações,
financiadas por vários negociantes e pelo Rei de Espanha, à procura da
mercadoria mais preciosa da época: o cravinho (nas Molucas, Indonésia). Mas, por detrás
do comércio e seu negócio, aquilo que ficou para a história, foi a certeza que a “terra redonda” era navegável e globalizada, graças à epopeia de Fernão de Magalhães.
A teimosia de Fernão Magalhães acarretou-lhe a sua morte em 27
de abril de 1521; por isso, no dia do seu V Centenário merece que os
portugueses vivam e não esqueçam este “herói do mar (do) nobre povo, nação valente”.
Quando nos retemos neste pequeno retângulo à beira-mar plantado, não podemos esquecer, que entre 28 de novembro de 1520, e, 16 de março de 1521, na viagem de Magalhães, somente o céu azul flutuava nas águas do Oceano Pacífico, demonstrando que este “planeta azul” não é uma ilusão lunar, mas um lugar digno para se habitar. E, se desde o rio da Prata até às Ilhas Filipinas rondam 20.000 Km, ou seja, metade da dimensão circular da Terra, nos nossos "costados" até à vizinha Espanha, somente arquejam sobre os seus ombros, cem vezes menos desta distância, o que nos concede 1% do seu valor. E, se dez é o exponente máximo da força humana, dez vezes dez, é este colosso, que se chama Fernão Magalhães. E, se as elites falham neste País, os colossos erguem-se de forma única: Magallanes.