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sábado, 9 de maio de 2020

EUROPOLITIQUE: Sigurd I - "O Cruzado" ou "O Viajante de Jerusalém" - "From Spain to Cintra..." por aquém e além mar.

 

Sigurd I, Magnusson foi rei da Noruega, durante 27 anos, ou seja, desde 1103-1130, partilhando o poder com outro irmão. Na força da sua juventude e no fervor da sua crença, dirige-se até Santiago de Compostela, onde confirma a sua fé e se entusiasma pela Terra Santa. Realiza-se, assim, a “primeira cruzada norueguesa”, conduzida por Sigurd I, durante quatro anos, ou seja, nos anos de 1107 a 1111. Constata-se que tenha sido o “primeiro rei europeu” a peregrinar em direção ao Oriente, sem os consagrados éditos papais que marcaram as “Cruzadas”. O Império Romano do Oriente, que perdura até ao século XV, ainda gozava de um digno estatuto religioso e cristão, de tal forma que, no Ocidente, se reclamava a sua filiação bizantina e sua ortodoxia, sobretudo no século X, por causa dos escândalos no papado de Roma. A sua influência e declínio acontece com o “Grande Cisma do Oriente”, em 1140.


Com um grupo destemido de guerreiros e uma frota razoável de barcos, Sigurd I zarpou de Santiago de Compostela, depois de passar o Inverno, nesta região. A sua estadia não foi muito pacífica por causa da escassez de víveres e mantimentos, devido ao grande número de homens e embarcações. Os normandos, habituados ao comércio e à pilhagem, se as coisas não lhes corriam bem, facilmente criavam reféns e resgaste. Passada esta fase conturbada dirigem-se para Lisboa, onde enfrentam e afundam sete embarcações árabes, nas costas e arredores de Sintra, cumprindo o ditame do Apóstolo de “Matamouros”, ditando-lhes uma sentença de conversão. (Quarenta anos, após, em 1154, o “Castelo de Sintra” recebe o seu foral das mãos do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques).


Nada impedia a navegação dos seus barcos, tal era a técnica e perfeição da sua construção. De forma que, após Sintra, o mar Mediterrâneo estava aberto à sua exploração, pelo menos, durante dois anos. Depois de Gibraltar, as ilhas Baleares e da Sicília eram baluartes da sua entrada em Jerusalém, onde dizem que foi batizado no rio Jordão, apadrinhado pelo rei Balduíno. Após a visita à Terra Santa, e, reconfortado de muitas conquistas, esta comitiva de marinheiros passa a guerreiros, regressando por terra, até à Noruega. O Norte de África, dominado pelos árabes, foi incapaz de suster esta pequena cruzada, já que Constantinopla, somente caiu, em 1453.


Apesar da “primeira cruzada” oficial ser decretada pelo Papa Urbano II, em 1095, com a duração de quatro anos, nada minimiza a expedição de Sigurdo I – “O Cruzado”. O seu epíteto consagra-o como um dos pioneiros destes audazes “combatentes da fé” em direção à Terra Santa, que culmina na “terceira cruzada” com a criação do “Reino Latino de Jerusalém”, em 1099; e, infelizmente, continua com a sucessão de outras. (Os romances de cavalaria engrandecerão os seus louvores). Ainda que esta “rota de navegação” seja o seu primeiro rumo no caminho inverso ao do Apóstolo, ela será o lema e emblema de muitas cruzadas dos “Homens do Norte” e das Flandres em direção ao Oriente. Seja, por inspiração de Santiago - “Matamouros”; seja, pela ousadia de Sigurdo I; estão abertos os "caminhos através do mar", que, tanto irão beneficiar a Reconquista dos homens portucalenses. Estes, de certo modo, terão as suas costas ou retaguarda protegida por “forças marítimas” que causarão medo e terror às embarcações árabes.


Considerado, também, “O Viajante de Jerusalém”, Sigurd I conquista Sidon, em 1110. No ano seguinte, retorna à Noruega, introduzindo a “cobrança do dízimo” aos seus cidadãos. Se, certos autores, lhe determinam a rota do “Caminho Inglês” no roteiro dos “Caminhos de Santiago”, ele é o pioneiro da rota dos “Caminhos do Oeste” a nível marítimo, que se estendem pelas costas da Península até Jerusalém. Um breve relato da sua biografia surge na “Heimskringla”, saga dos reis nórdicos, escrita por Snorri Sturluson, em 1225.


“From Spain I have much news to tell
Of what our generous king befell
And first he routs Viking crew,
At Cintra next the heathens slew…"    (Heimskringla)

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