No mesmo dia em que compus este
artigo, eis que para meu espanto, surgia na RTP1, um “empresário angolano”
reclamando o mesmo tratamento que qualquer empresário chinês, francês, alemão,
indiano ou paquistanês.
O Telejornal saiu à noite, o
artigo foi feito à tarde, e reza assim:
Enquanto o resto da comitiva
deambulava pelo “mercado aberto” em Maputo, questionava-se o negócio do
indiano, patrão de um “parking”, cuja rentabilidade seguia de “vento em popa”.
Dado que o negócio estava de feição, compareceu um “adjunto das forças governamentais”,
tecendo elogios ao empreendimento, justificando que ia de encontro às “ideias
do governo”, salientado, no entanto, a necessidade de uns esclarecimentos.
Apesar de pagar impostos, carecia de uma “benção governamental”.
O “Jornal de
Angola”, ao velho estilo marxista, enquadra qualquer projecto de índole privada
na “esfera governamental”, de tal forma que nenhuma “actividade individual,
privada ou particular” não escapa à supervisão governamental. O “bom peixe” do
Soyo carece de um “plano governamental”, ou, de uma “benção governamental”?
A “economia
centralizada soviética” de que Angola não faz parte, dado que aderiu à
“economia de mercado”, somente pode ser justificada por um “estilo de
propaganda” que contradiz a própria natureza económica do País, já que se
insere no chamado “liberalismo
económico”; a não ser, que ainda não se emancipou de um centralismo estatal. A
defesa da “acumulação primitiva” somente pode orientar-se no “espírito
empresarial”, que se expressa pela
actividade privada.
Mas, neste universo
empresarial, parece que somente pontifica a grande empresa Sonangol, que se
apresenta como única, válida e visivelmente
internacional. A restante
iniciativa privada em Angola, que emerge e se afirma paulatinamente,
definha de qualquer visibilidade, surgindo abafada e minimizada, quer na sua
exponenciação, quer na sua projecção.
“Ser mais
papista que o Papa”, é um “pecado por excesso”, (ainda que a “primeira agência
de propaganda” venha do catolicismo, ou seja, a secular “propaganda fidei”); e,
em qualquer iniciativa privada, não quer dizer que a “benção estatal” esteja
sempre presente, como defende o “Jornal de Angola”.
Ora, nos
tempos da “informática e da Internet”, este “estilo de jornalismo” é uma
traição aos valores dos próprios angolanos, à sua iniciativa, à economia de
mercado, ao seu próprio dinamismo empresarial privado.
“Novos tempos”
se avizinham para Angola, de forma que este tipo de comunicação social tem de seguir os novos ventos para que as
suaves brisas arejem a iniciativa privada dos angolanos.
PS. E, não é que surge na RTP 1, um angolano deste calibre!..