Os novos espaços de manifestação e comunicação possibilitados pela Internet conduzem àquilo que Susan Buck-Morss apelida de “uma nova geração que tem a consciência de uma esfera pública global. E esta geração é universal”.
O seu impacto, a nível universal, ampliado pelos próprios meios da Internet, conduz as mudanças sociais e políticas, não só na perspectiva individual e singular, como também na perspectiva social e colectiva.
Cada vez mais o papel do Estado se encontra confrontado com as suas implicações de maior ou menor importância. Os poderes instituídos rodopiam perante a força que este novo poder possibilita de traçar mudanças, e, de se revelar como uma nova forma de poder.
Luanda veio para a rua.
O fenómeno desencadeado no Norte de África, suscitou, em Angola, um desenvolvimento de “stop”, à sua possibilidade de emergência.
A convocação de uma possível manifestação arrastou entre 1 e 3 milhões de pessoas, em jogada de antecipação, face à previsível aglomeração de outros manifestantes.
A novidade deste poder, e, destas possíveis manifestações suscitam ondas de solidariedade não violenta, mas cujos efeitos, a nível de imagem, desencadeiam outras ondas de mudança de insuspeitável repercussão.
Seguindo o conselho de “prevenir é melhor que remediar”, a manifestação explicitada visou colmatar qualquer deficiência que ousasse emergir na sua plenitude. Além disso, os conselhos políticos das várias forças políticas apelaram à manutenção dos “caminhos da paz “.
Por isso, qualquer discurso político não merece consideração face aos efeitos manifestos da adesão da população de Luanda.
Mas como também afirma Susan Buck-Morss:“o dinheiro é produzido globalmente para uma minoria; e essa minoria pode ser chinesa, egípcia, francesa, brasileira, (ou, possivelmente, angolana) mas é uma minoria; e a maioria é excluída, de modo que o abismo entre ambas é cada vez maior”; até que ponto, as contradições do sistema económico e político permanecerão sem as mudanças que os processos históricos escondem.
A questão não é só angolana, mas insere-se nesta lógica da “velha questão da justiça social” que, cada vez mais, cerceia as minorias e os seus estados cúmplices, numa avalanche de exigência, de repartição, e, de implosão.
Os direitos dos trabalhadores à riqueza dos seus países, ao benefício do fruto do seu trabalho, quer na saúde, quer nas reformas, implica que as suas instituições sejam cada vez mais credíveis, honestas e capazes de sustentar todo o conjunto de aquisições que lhe são devidas.
A conexão entre estas minorias e os estados (não esquecendo, o papel das multinacionais) subvertem os ideias de justiça social que, cada vez, se tornam mais visíveis, e de mais fácil revelação face aos novos meios de informação.