Quando a empresa Grundig se instalou em Braga, dois amigos meus não foram admitidos nessa empresa, quando os "recortadores" de serviço lhes comunicaram que a dita multinacional iria pagar salários acima da média nacional, mas, que devido a contingências estruturais, manteriam um nível salarial, aproximado ao nível da média nacional.
Passados 15 anos, a empresa “Auto-Europa”, vende 114.000 carros para o estrangeiro, consagrando a módica e magra quantia de 6.000 para consumo interno.
Ora, já que passaram 15 anos, o Presidente da Alemanha advoga que os portugueses deveriam comprar mais carros desta empresa!...
A lógica da multinacionais, neste caso concreto, da indústria automóvel, move-se por interesses que não encaixam numa certa logística nacional.Aliás, os portugueses nunca tiveram dinheiro e ousadia de comprar uma fábrica de "chaves na mão", fosse ela "Seat", ou "Lada".
Apelar a que os portugueses comprem 20% da sua produção é um desígnio aceitável, dado o ensejo e gosto dos porugueses por automóveis, aliás, como em qualquer parte do mundo.
“Uma quota de exportação de 95 por cento é, talvez, um pouco elevada. Cerca de 20 por cento da produção deveria ficar em Portugal. Este poderia ser um projecto comum, pelo qual nos poderíamos empenhar conjuntamente", disse Christian Wulff.”
A falta de coordenadas por um “projecto comum”, aliciado ao êxito das exportações tem criado ilusões que pouco beneficiam a futuro destas admiráveis instalações.
A avidez do lucro não tem permitido a transferência de tecnologia suficiente para que levante voo esta ideia de “projecto comum”.
Não basta que a “Alemanha e noutras partes do mundo, (se) mostra bem as potencialidades de Portugal para receber investimentos de tecnologia avançada", como afirma Cavaco Silva.
É necessário exigir mais, pressionar muito, evidenciar bem as potencialidades, e , sobretudo prementemente "colaborar", para que o processo comercial atravesse o processo social e político, em termos simples "aprender a pescar".
A colaboração na cooperação, não é no sentido do que o Brasil tem um mercado que vende bem, mas que o território português desempenha uma plataforma, que tanto pode servir os interesses portugueses, como os interesses alemães. "Que o turismo, passa pela utilização do automóvel, tanto na Alemanha, como, em Portugal".
Neste sentido, oxalá, que o Volkswagen represente para Portugal, aquilo que a “Seat” representa para Espanha, mas nesta analogia, estamos tão distantes como da terra para a lua.
Por isso, não queremos a “Auto-Europa” na lua, mas cá na terra de Portugal.