4.º Graus à sombra da noite, nas praias do Vasco da Gama, saboreava-se o suave “croissant” com o “típico café português”.
Regurgitavam os espaços comerciais na pequena cidade de província, contrastando com os espaços das “mesas de voto de eleições”.
Na plácida contemplação comercial vislumbrava-se, de antanho, os emigrantes portugueses em França na sua avidez dos novos espaços do consumo, na procura do “pão”, após uma dolorosa semana de trabalho. Afastados de qualquer política, mas sedentos de novas condições de vida. Além disso, não esquecendo a exibição das viaturas que, hodiernamente, somente preocupam 9% da população portuguesa.
“Trabalho e pão” com sabor francês, ou, ansiedade dos privilégios e regalias das classes trabalhadoras europeias soava como “leitmotif” nos recônditos dos ânimos lusos, até aos remotos tempos de Vasco da Gama.
“Consumo” e “abstenção” são duas palavras plenas de contradição.
Consumo nada liga com abstinência, como abstinência nada liga com ausência.
Abstenção nada liga com providência, como providência nada liga com abstenção.
“En provision”, como recurso de emergência de abstenção, requer abastecimento suplementar na ausência de qualquer princípio de falência moral ou política.
A abstenção alimentar, como primeira necessidade biológico suplanta o consumo de qualquer abstenção ideal ou política.
“Pão e trabalho” não querem abstenção, mas consumo necessário, providencial que qualquer política de primeiro ideal tem e deve suster como realização biológica e social.
A “sociedade de consumo” do “homem unidimensional” sobrepõe-se às diversas esferas dos seus ideais de humanidade. Perdeu-se a “arte em si mesmo”, como se esqueceu a “arte como política”.
Portanto: “Pão e trabalho” para uma sociedade de consumo que não quer abstenção.