A arte portuguesa na Política
Maurice Duverger classificava a política como “arte”, ou, como “ciência”.
Na sua essência, a política é uma “arte nobre”.
Todavia ao falar de arte, tanto podemos falar do artista – génio criador; ou, do artesão, aquele que saber-fazer, simplesmente actividade manual.
O dilema entre os princípios da democracia e a sua técnica, ou, planificação originam problemas incalculáveis.
O império romano utilizava a “política como técnica”, alicerçada na engenharia e no direito; o império grego removia-se na “política como arte”, revigorando-se na filosofia e na ética.
Platão desconfiava do puro desenvolvimento económico, enquanto que os romanos o erigiam como motor da sua expansão.
Colocar os portugueses junto ao idealismo grego, tem algumas ressonâncias num País de poetas, exímios em projectos, mas fracos em realização e concretização. Nada nos aproxima ao geometrismo e clarificação cartesiana de França, nem da “política como ciência” do espírito alemão, nem tão pouco do pragmatismo inglês.Ou seja, à bolina, à boleia da Europa.
Aquilo a que nos aproximámos, poeticamente, (salvo, o idealismo de Don Quixote, ou, o materialismo de Sancho), reverte em Ortega y Gasset: “o homem e as suas circunstâncias”, e, num certo individualismo de Unamuno: “cada uno es uno.”
Um crasso individualismo de um “ego” recalcado freudiano enfrenta os duros escolhos que lhe tolhem a vista, pouco perspectivando do “espírito em grupo” e de “trabalhar em cooperação”.
O gosto de navegar à vista, dentro de uma política que não é ciência, mas arte. Arte que mergulha no artesão, e, pouco tem a ver com o artista – criador, por excelência. Pouco sabemos roubar aos deuses, pois logo ficámos castigados por tal ousadia, e, portanto não fugimos da tragédia grega, que em nós é fado.
Corroídos por um destino estóico, recordando a ética romana, desembarcámos num fatalismo genial envolvendo-nos num novelo de intrincadas ressonâncias.
O "olhar europeu" olha, de forma céptica, a “capacidade artística” da política portuguesa.
Pouca ciência, ou, quase nada de sabedoria na “coisa pública”. Após, o glorioso “artista cinzento” surgiram alegres “faunos” artísticos da vida política.
Cultivar é diferente de criar. Urge “pensar” e “aceitar” a portugalidade. Ultrapassar o artesão, para se tornar artista, já que a política como ciência percorre outros caminhos.
“Criar é produzir qualquer coisa a partir do nada”.
Se somos poetas e temos algo de criador, então teremos de encontrar o nosso “Volkgeist”, sem tragédia grega, nem fatalismo estóico.
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terça-feira, 16 de março de 2010
EURO POLITIQUE.4
Retorno a Africa
Portugal não é um país de ricos, nem tão pouco tem uma classe média baixa, média ou alta bem definida.
Existem 4.000 pessoas que ganham mais de 250.000 euros, e 30.000 que devem chegar aos 150.000 euros. (Além de uma reduzidíssima elite dos chamados ricos).
Com uma população de 18% de pessoas no limiar da pobreza, restam os lutadores da sobrevivência social, económica e política.
Recordo-me do filósofo José Gil quando deambula pela subjectividade humana portuguesa, e pela negação da redução do homem económico, na sua essência. Outros horizontes se inscrevem nesta tímida portugalidade.
O mar continua a ser a nossa fronteira. A aventura marítima desenha-se como nosso sonho. E, o encontro com outros povos sempre nos trouxe a alegria de nos reencontrar-nos.
Quando a Europa definha, estiolada no seu bem-estar, que parece desaparecer dos seus pés, eis que outros calcanhares necessitam no nosso estímulo e ajuda. Por que deixar que o tédio e o ócio invadam os horizontes portugueses?
Recordo-me da canção: “vou levar-te comigo irmão”
Água é sinónimo de energia.
Dois grandes países irmãos abrem-se, estendendo as mãos.
Moçambique prepara-se para construir um caminho de ferro de 2 000 Km , ligando o Norte ao Sul do país. Produtor de electricidade carece de uma linha que ultrapasse os velhinhos trilhos de 25 Km à hora, para um desenvolvimento sustentável das suas potencialidades carboníferas e outras. Cahora Bassa necessita de religar-se com cabos de alta tensão através da sua espinhal dorsal territorial, como forma de desenvolvimento agro-pecuária.
Nos arredores de Maputo observava-se uma pequena escola primária. Do chão emergiam cabeças totalmente atentadas, num silêncio entusiasmado, à explicação do professor. A sua atenção contrasta com o enfado e tédio de muitos alunos europeus. Estão cansados e fartos de um modelo que pouco os entusiasma!...
Ousem aventurar-se, e esventrar-se na sua subjectividade fraternal!...
Portugal não é um país de ricos, nem tão pouco tem uma classe média baixa, média ou alta bem definida.
Existem 4.000 pessoas que ganham mais de 250.000 euros, e 30.000 que devem chegar aos 150.000 euros. (Além de uma reduzidíssima elite dos chamados ricos).
Com uma população de 18% de pessoas no limiar da pobreza, restam os lutadores da sobrevivência social, económica e política.
Recordo-me do filósofo José Gil quando deambula pela subjectividade humana portuguesa, e pela negação da redução do homem económico, na sua essência. Outros horizontes se inscrevem nesta tímida portugalidade.
O mar continua a ser a nossa fronteira. A aventura marítima desenha-se como nosso sonho. E, o encontro com outros povos sempre nos trouxe a alegria de nos reencontrar-nos.
Quando a Europa definha, estiolada no seu bem-estar, que parece desaparecer dos seus pés, eis que outros calcanhares necessitam no nosso estímulo e ajuda. Por que deixar que o tédio e o ócio invadam os horizontes portugueses?
Recordo-me da canção: “vou levar-te comigo irmão”
Água é sinónimo de energia.
Dois grandes países irmãos abrem-se, estendendo as mãos.
Moçambique prepara-se para construir um caminho de ferro de 2 000 Km , ligando o Norte ao Sul do país. Produtor de electricidade carece de uma linha que ultrapasse os velhinhos trilhos de 25 Km à hora, para um desenvolvimento sustentável das suas potencialidades carboníferas e outras. Cahora Bassa necessita de religar-se com cabos de alta tensão através da sua espinhal dorsal territorial, como forma de desenvolvimento agro-pecuária.
Nos arredores de Maputo observava-se uma pequena escola primária. Do chão emergiam cabeças totalmente atentadas, num silêncio entusiasmado, à explicação do professor. A sua atenção contrasta com o enfado e tédio de muitos alunos europeus. Estão cansados e fartos de um modelo que pouco os entusiasma!...
Ousem aventurar-se, e esventrar-se na sua subjectividade fraternal!...
EURO POLITIQUE.5
FUGA DE CAPITAIS
O fortalecimento de uma classe média torna-se no motor de desenvolvimento de um país, nos esquemas habituais da teoria capitalista. O chamado “capitalismo popular” em Portugal não consegue enraizar-se na classe média. Poucos produtos financeiros ajudam a melhorar a situação de vida de uma classe emergente, e, quando eles timidamente começam a funcionar, por milagre, o Estado apressa-se a controlar os seus rendimentos. Por isso a “fuga de capitais” de outros possíveis aforradores “tem a ver com um inúmero de situações - como aquisições e vendas sem qualquer facturação - fuga ao fisco- enriquecimento não declarado - e finalmente pela politica fiscal que controla estas situações como graves, daí o ataque especulativo”.
Segundo relata o “Parisien Libéré”, ou seja, o C.M. português:
“O investimento dos portugueses em produtos financeiros sediados em offshores disparou em 2009: em ano marcado pela maior crise económica e financeira desde a II Guerra Mundial, com o desemprego a atingir níveis nunca registados em Portugal, a fuga de poupanças para os paraísos fiscais ascendeu a 12,6 mil milhões de euros, um aumento de 44 por cento face aos 8,7 mil milhões de euros registados em 2008”.
Por mero recurso de memória recordemos que: noutros tempos, “fuga de capitais” em França, em notas empilhadas de cem francos atingia e superava o pico Everest.
Segundo este matutino:
“Saldanha Sanches, especialista em assuntos fiscais, não consegue explicar a origem de tamanho movimento de capitais para paraísos fiscais. Mas, salvaguarda este fiscalista, "há uma razão inevitável: não haver pagamento de impostos". Por isso, frisa, "é preciso saber se o rendimento desses capitais foi declarado às Finanças".
Todavia o Estado Português sente-se obrigado a pedir dinheiro às agências de rating a uma percentagem fora do comum. Se não existem incentivos fiscais, produtos financeiros, sistema de aforro, como é possível estancar esta “fuga de capitais”?
O citado matutino acrescenta:
“O próprio Governo, no Orçamento para 2010, reconhece que "a conjuntura económica alimentou a colocação de fundos no estrangeiro que poderiam, de outro modo, ajudar ao relançamento da economia nacional". Para incentivar o regresso desses capitais a Portugal, o Executivo quer aplicar uma taxa especial de cinco por cento, reservada apenas às pessoas singulares, sobre o dinheiro que regresse a Portugal”.
Como leigo em economia não visiono soluções para tal problema. Mas certamente existem várias teorias económicas susceptíveis de encontrar soluções para estes factos!...
O fortalecimento de uma classe média torna-se no motor de desenvolvimento de um país, nos esquemas habituais da teoria capitalista. O chamado “capitalismo popular” em Portugal não consegue enraizar-se na classe média. Poucos produtos financeiros ajudam a melhorar a situação de vida de uma classe emergente, e, quando eles timidamente começam a funcionar, por milagre, o Estado apressa-se a controlar os seus rendimentos. Por isso a “fuga de capitais” de outros possíveis aforradores “tem a ver com um inúmero de situações - como aquisições e vendas sem qualquer facturação - fuga ao fisco- enriquecimento não declarado - e finalmente pela politica fiscal que controla estas situações como graves, daí o ataque especulativo”.
Segundo relata o “Parisien Libéré”, ou seja, o C.M. português:
“O investimento dos portugueses em produtos financeiros sediados em offshores disparou em 2009: em ano marcado pela maior crise económica e financeira desde a II Guerra Mundial, com o desemprego a atingir níveis nunca registados em Portugal, a fuga de poupanças para os paraísos fiscais ascendeu a 12,6 mil milhões de euros, um aumento de 44 por cento face aos 8,7 mil milhões de euros registados em 2008”.
Por mero recurso de memória recordemos que: noutros tempos, “fuga de capitais” em França, em notas empilhadas de cem francos atingia e superava o pico Everest.
Segundo este matutino:
“Saldanha Sanches, especialista em assuntos fiscais, não consegue explicar a origem de tamanho movimento de capitais para paraísos fiscais. Mas, salvaguarda este fiscalista, "há uma razão inevitável: não haver pagamento de impostos". Por isso, frisa, "é preciso saber se o rendimento desses capitais foi declarado às Finanças".
Todavia o Estado Português sente-se obrigado a pedir dinheiro às agências de rating a uma percentagem fora do comum. Se não existem incentivos fiscais, produtos financeiros, sistema de aforro, como é possível estancar esta “fuga de capitais”?
O citado matutino acrescenta:
“O próprio Governo, no Orçamento para 2010, reconhece que "a conjuntura económica alimentou a colocação de fundos no estrangeiro que poderiam, de outro modo, ajudar ao relançamento da economia nacional". Para incentivar o regresso desses capitais a Portugal, o Executivo quer aplicar uma taxa especial de cinco por cento, reservada apenas às pessoas singulares, sobre o dinheiro que regresse a Portugal”.
Como leigo em economia não visiono soluções para tal problema. Mas certamente existem várias teorias económicas susceptíveis de encontrar soluções para estes factos!...
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