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domingo, 20 de janeiro de 2013
Na periferia da lusofonia
“Há quem veja na lusofonia uma maneira de perpetuar a nostalgia do império. Como quem diz que se não insistir na lusofonia perde-se a influência toda...Tudo isso deve ser posto no passado, porque agora perseguimos um objectivo comum...” (Joaquim Chissano, Entrevista, Expresso de 10.01.2013).
Esta percepção modernista da lusofonia contrapõe-se ao estatuto da francofonia e “commonwealth” inglesa, com outros poderes e influência, embora haja quem defenda nela certas resistências.
“Após a independência destas, constitui-se a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que, à semelhança de outras comunidades pós-coloniais – britânica, francesa (a francofonia) -, é fruto do antigo universo imperial”. (“Portugal, Portugueses, Uma Identidade Nacional, pg.66, por José Manuel Sobral, “Relógio D’Aguas Editores”, Lisboa, 2012).
Chissano, no início da entrevista, responde: “a língua é o instrumento dos objectivos que nos unem”.
Todavia ,o autor citado, continua: “A representação oficial da identidade portuguesa contemporânea continuou, assim, ligada ao seu passado, embora com um sentido radicalmente diferente: Portugal já não é um centro, mas um entre vários pólos do mundo lusófono, não sendo sequer o mais poderoso deles.”
Como português, por pura casualidade, falava-se com uma brasileira (caucasiana), utilizando a palavra “irmãos”, ao que ela retorquiu: “irmãos, para nós brasileiros, são aqueles que estão em África”.
Isto, vem a propósito, que Portugal “não sendo se quer o mais poderoso deles” somente com o grande peso do Brasil pode usufruir efectivamente da plenitude da lusofonia. (Ainda que o Acordo Ortográfico nos custe muito, talvez tenhamos de aceitá-lo). Mas a “representação oficial da lusofonia” deve emergir para novos espaços mentais, sociais e económicos que coloquem bem longe as reminiscências do “velho império” para se situar em novos planos de colaboração e cooperação.
Por isso, Chissano, acrescenta: "não há oficialmente venda de terras em Moçambique. Fazemos uma espécie de leasing, um direito de uso da terra durante um período com pagamento de taxas em conformidade com o que se faz na terra". (...)
N.B. Será "direito de superfície", apesar de existirem Finanças e Registo Predial?!...
A Penitência socialista (texto humorístico)
Aos 88 anos, nas derrotas e nas vitórias, continuou sempre igual a si mesmo, aquele “animal político” – Mário Soares.
Com sua “personalidade política”, sempre colocou o País acima de si mesmo, com uma pontinha de orgulho pessoal, totalmente dominada pelo universal, ou, pela identidade nacional.
Os últimos líderes nacionais do partido socialista português sofreram uma penitência (talvez, dos seus pecados) que sempre me intrigou!..
António Guterres, (“velho conhecido da Estrada da Luz”), porventura aconselhado pelo Padre Vítor Melícias decidiu penitenciar-se com um “Ano Sabático”, leccionando Matemática, num bairro degradado (!...), antes de assumir funções na ONU.
José Sócrates, com os seus fatos Armani e a sua jactância natural, refugiou-se na cosmopolita cidade parisiense para actualizar os seus estudos, não dando hipóteses aos caçadores de imagem de enegrecer a sua silhueta.
Mas aquilo que mais me intriga é a penitência do novo promissor e arauto candidato a primeiro ministro. (Aliás, como sabemos, não existe “candidato a primeiro ministro”. O partido elege o candidato!...).
Esta futurologia excede as minhas expectativas, e, talvez de qualquer leitor!...
Se um se radicou na sua penitência em Lisboa e outro em Paris, somente em qualquer país africano ou dentro da comunidade da lusofonia encontraremos um lugar já que se cinge ao natural parlamentarismo.
Este texto nada tem de ofensivo, nem de enigmático. Revela um sentido de humor e de cinismo, tal como os “famosos cínicos” faziam com o idealismo da “filosofia de Platão”.
Por isso, a “praça pública” permite também que encarnemos a figura dos cínicos, quando a razão nos parece fugir!...
Todavia o texto não é, em si, cínico, mas humorístico!...
EUROPOLITIQUE: "Good Look, Portugal": TOZÉ ao PODER (Já!...)
A “retórica política” do líder do partido socialista navega na indefinição de “personalidade jurídica” e “personalidade social”.
Dizer que o “1.º ministro não tem mandato nem legitimidade política para...” (D.N. pg. 4) é somente negar uma “evidência de poder” que os portugueses lhe concederam de “poder governar”, que somente uma revolta, destituição ou eleição pode legitimar, apesar do descontentamento de muitos portugueses.
Dizer que “este governo não tinha mandato nem legitimidade para...("executar cortes", D.N., pg. 7), é evocar um passado que a “presente realidade” desmente, já que a possível “personalidade social” se confunde com a “personalidade jurídica”.
A “perda de confiança” só se justifica com um “pacto social”, alicerçado na “força jurídica”, que não foi estabelecida, a não ser na eminência de existir uma “garantia” credível desse “consenso pretendido”, ou seja, um “garante” supra partidário. Todavia, apesar de um “pacto social”, que não foi legitimamente estabelecido, a “força política” tem legitimidade para o ultrapassar.
Já os romanos diziam “dura lex, sed lex” e as regras democráticas conduzem, bem ou mal, ao poder um determinado “estado de direito”, colorido ou não com as suas ideologias. Se a “força política” do partido socialista não aceita as regras democráticas, ou espera por eleições, ou marginaliza-se nas suas opções.
A “marginalização” do partido socialista, justificável ou não, face à avidez do poder, parece que não é aceitável também pela maioria do povo português.
Neste impasse de reclamar legitimamente uma “personalidade social” visível ou invisível, ainda não demonstrada politicamente, para adquirir a “sua personalidade jurídica”, face à “evidência do poder” das forças democraticamente eleitas, somente resta dizer aos portugueses: “boa sorte”, nestes conflitos sociais.
(N.B. “A regra de oiro” é linda, quando o “oiro” brilha!...Quando o “oiro não brilha”, só resta o “estado de natureza”!... O “estado de natureza” das coisas.)
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