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quarta-feira, 7 de março de 2018

EUROPOLITIQUE:(2) Fado de "Vim morrer a Gondarém" de Pedro Homem de Melo - 2

  Numa banda a Espanha morta

Noutra Portugal sombrio

Entre ambos galopa um rio

Que não pára à minha porta.

               "Numa banda Espanha morta                                                      Noutra Portugal sombrio

No poema de "Vim morrer a Gondarém", Pedro Homem de Melo, retracta a vizinha Galiza como “Espanha morta”, (parte de um todo), agonizante, decrépita; mas, sobretudo, pela percepção de um regime político, nada condizente com a modernidade.

Moderno - homem da televisão e do “folclore nacional”, os seus holofotes ainda lhe me permitiam ver um “Portugal sombrio”. Pela luz da televisão e pela sombra do País se desenvolveu a emigração, quer em Portugal, quer na Galiza. Por isso, o “poeta menor”, de fraco catálogo, afirma que “entre ambos galopa um rio”. 

 - Rio físico, rio Minho; - rio poético, rio mensageiro - 

Um rio que “não pára à minha porta”, um rio que me ultrapassa, e, do qual desconheço a força da sua corrente. Mas, este rio de movimento, onde o poeta não “pode banhar-se duas vezes”, exprime a dialéctica que envolve um “País sombrio” e uma “Espanha morta”. A força das águas que estão em movimento, que se acalmam ou revoltam, como um toiro em galope. Como um animal, escondido na sua força e pujança, que imprime movimento e mudança.

                     «Numa banda Espanha morta

                       Noutra Portugal sombrio

                       E entre ambos galopa um rio

                       Que não pára à minha porta».

    - À minha porta batiam os excomungados pelo cura, porque ousavam ler jornais; à minha porta batiam os ecos de Humberto Delgado; à minha porta batiam os ecos de mudança. 

Não sei se era um rio em galope, 

nem idade tinha de rapazote. 

Se, alguns “princípios e valores” persistem, deles não maldigo a sorte. Por vezes, vejo “Portugal sombrio”, naquelas sombras platónicas, de “grilhões” aferroados, de cujo ferro não estou liberto. Mas, à minha porta, eu quero um rio, um rio a galope.

À minha porta!... ao meu "ser", ao meu "dasein".

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