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domingo, 23 de setembro de 2012
PETER SINGER AND PORTUGAL
É interessante que Peter Singer coloque o salário médio em Portugal como fasquia de ajuda ao desenvolvimento em África. "Grosso modo", um salário médio na ordem dos 1.000 dólares. Parece que foi encontrado um metro padrão para o ponto de partida da ajuda ao continente africano.
“Segundo Branko Milanovic, do Banco Mundial, se definimos “ricos” como os que têm um rendimento superior ao rendimento médio em Portugal (o país de mais baixo rendimento no «clube dos ricos», que inclui Europa Ocidental, América do Norte, Japão, Austrália e Nova Zelândia) há 855 milhões de pessoas ricas no mundo.” (pgs. 182/3).
Quando Peter Singer faz esta referência ao salário médio em Portugal podemos situá-lo na fasquia de 1.000 dólares/mês brutos. (Aliás, o salário médio oscila entre os 777 euros e 900 euros, nos anos de 2010, 2011, data equivalente à publicação).
Mas Peter Singer acrescenta:
“Entre os 855 milhões de pessoas ricas, algumas [quer dizer, poucas?...]estão pouco acima do rendimento médio de Portugal, enquanto outras [quer dizer, muitas?...] são multimilionárias”.(pg.183)
Se juntarmos a classe rica brasileira, indiana, chinesa, sul-africana, angolana, certamente que estamos bem longe dos mais de 1.000 milhões de pessoas ricas no mundo.
A fasquia de Portugal é interessante para compreender que acima deste índice fornecido pelo rendimento médio em Portugal, se todos os outros contribuíssem com 200 dólares para o desenvolvimento do Milénio se conseguiria nada menos de 171 mil milhões de dólares.
O Banco Nacional de Angola tem necessidade de uma grande reserva de moeda estrangeira por causa das importações. Mas não só!... Os países lusófonos que cooperam com Portugal são um trampolim para a exportação e venda de tecnologia europeia.
Até que ponto a Europa reconhece o esforço de Portugal neste intercâmbio comercial?
Até que ponto estaremos amarrados ao “agiotismo financeiro” que mina a débil economia portuguesa?
Até que ponto ainda temos de aguentar mais sacrifícios, diminuindo o baixo salário médio em Portugal?
Peter Singer, “A Vida que Podemos Salvar” Edições Gradiva, Lisboa, 2011. (Edição original – 2009).
Angola: A Luta pela Saúde
Calcula-se que Angola tenha pouco mais de 3.000 médicos no sector na Saúde. Se por acaso, consultarmos a Vikipédia (26-05-2011), encontrámos o seguinte: “A saúde em Angola é classificada entre as piores do mundo”. Apesar da criação de novas Faculdades de Medicina, apesar do Centro de Investigação em Saúde em Angola, criado pela Fundação Gulbenkian, no Caxito, a 50 quilómetros de Luanda, a escassez de médicos continua uma constante que carece de ser colmatada. Ainda que Angola tivesse em grande plano de formação a Universidade de Luanda, agora Agostinho Neto. Todavia, a formação de auxiliares médicos é também uma constante que tem de ser desenvolvida. A racionalidade destes técnicos intermédios aponta, mundialmente, para uma racionalidade de 5 para 1. Ora, esta proporção e lacuna intermédia é uma carência que pode ser limitada quando se fala da formação “em linha”. E, neste campo formativo, rápidos passos podem ser desenvolvidos.
Com uma população estimada em 19 milhões de habitantes, em que mais de 50% de habitantes tem menos de 21 anos, e uma esperança de vida que ronda os 45 anos, muito há que fazer no domínio da saúde.
Além disso, a sua taxa de natalidade quase chega aos 40% demonstra a vitalidade de uma população em que a taxa de fecundidade se situa quase em seis filhos por mulher.
O lema de “água potável para todos” tem sido a bandeira do primeiro sinal da prevenção de doenças. No entanto, um vasto campo de intervenção ainda se encontra por colmatar que passa sem dúvida pela urgente formação de técnicos intermédios no campo da saúde.
Após 10 anos de independência certamente que o estado da Saúde deveria estar noutro patamar. Oxalá que rapidamente as Faculdades de Medicina forneçam um corpo médico e de enfermagem necessário e suficiente para as carências angolanas.
Por outro lado, será extremamente importante que os dados estatísticos demonstrem o estado actual da medicina e da Saúde em Angola, para que não seja "considerada das piores do mundo".
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