“Quem diria?”
Interroga-se o semanário Expresso.
“Ironia ou não, é precisamente Portugal que vai presidir ao Conselho de Sanções para a Líbia no Conselho de Segurança da ONU. Entre outras penas, o Conselho deverá aplicar o embargo de armas, o congelamento de bens e a interdição da concessão de vistos a membros do regime de Kadhafi. Quem diria?”
Quem diria que Kadhafi utilizaria , um dia, “Penha Longa”, em vez da sua tenda de beduíno ?
Quem diria que a detenção do seu chefe de protocolo, em Paris, seria o primeiro rastilho das mudanças que se operam na Líbia?
Quem diria que o “Quai d’Orsay” estava demasiado comprometido com actuações pouco ortodoxas?
Quem diria que Portugal teria um papel a desempenhar nas questões internacionais da Líbia?
Quem diria e anunciaria que no conjunto da Europa, Portugal iria desempenhar um papel de relevo internacional, a nível diplomático?
Quem diria que algumas destas interrogações passariam nos fios hertzianos de instituições credíveis portuguesas?
Quem não diria que:
os pactos de bruxaria, o papel de advinhas, não são sortilégios de qualquer “algoritmo”.
São o resultado de estratégias programáticas que uma "diplomacia pro-activa" deveria conseguir vislumbrar nas suas mudanças de antecipação.
Ironia ou não, só o cinismo ousa sobrepor-se a uma “triste realidade” que infelizmente nos afecta na emancipação dos ideias de uma humanidade mais fraterna e consensual.
Oxalá, a “triste realidade” se torne numa esperança, numa primavera rica de humanismo, onde os “princípios” prevaleçam sobre os “interesses”, embora sem grande complacência com factores de ingenuidade.
Quem diria?
“O Expresso”? Não, qualquer "algoritmo" algures perdido na Internet.
P.S. Le Monde 09-03-2011.
Un autre émissaire était par ailleurs en route pour le Portugal, pour y rencontrer le chef de la diplomatie portugaise, Luis Amado, à la veille d'une réunion à Bruxelles des ministres européens des affaires étrangères consacrée à la Libye. "Le Portugal, membre non-permanent du conseil de sécurité de l'ONU, a été confirmé mardi pour assurer la présidence du comité de sanctions sur la Libye", a expliqué le gouvernement portugais.