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quarta-feira, 21 de março de 2018

EUROPOLITIQUE:(3) Fado - "Vim morrer a Gondarém" por Amália Rodrigues - poema de Pedro Homem de Melo

Por mor de aprender o vira

Fui traído. Mas por fim,
Sei hoje, que era a mentira

Que então chamava por mim,

Nada haverá que me acoite
Meu amor, meu inimigo,
E aceito das mãos da noite
A memória por castigo.


A “locução poética”, actualmente pouco usuada, tem o sentido de “por via de”, “por causa de”, ou melhor dito, “por amor a ...” à aprendizagem da dança do “vira” – como diz o poeta: “fui traído”.

A paixão, a dedicação a qualquer coisa, pode levar-nos ao esquecimento de outra, ou, outrem. Implicitamente pode dar origem à sua negação, devido a uma orientação contrária. E, deste modo, surge o confronto de opostos ou contrários, implicando a alternância: “uma coisa ou outra”; ou, a permanência na sua contradição já que uma coisa faz parte da outra. 

Mas, o facto de se dedicar-se à “paixão da dança” e de ser seu aprendiz, não quer dizer que esqueceu o seu amor por alguém. E, se o poeta reconhece que “era mentira” aquilo que lhe diziam, todavia era aquilo que ele sentia.
A traição está subjacente a este conflito entre dedicar-se a alguém, ou, seguir um outro caminho. No fundo, qualquer coisa “chamava por mim” como dois amores concorrentes, em que um é mais forte do que outro, mas ambos fortes. 
A dicotomia de “meu amor, meu inimigo” entrelaça esta ausência de alguém que se dedica à dança, e, por ela se enamora, mas, ao mesmo tempo, se esquece de outro compromisso.

Por isso, a noção de “castigo” por ter descoberto “algo” é a transgressão de um segredo reservado aos deuses, que merece punição. A implícita figura de Prometeu que desvenda o segredo, o tenta comunicar, e que arrasta consigo esta “punição” da sua  paixão da dança.
As trevas, a escuridão, que as “mãos da noite” conservam, que à luz não se podem revelar, encerram “a memória por castigo”.

A pena, a condenação poética é um castigo que carrega nos seus ombros. Por um lado é “meu amor”; por outro lado é o “meu inimigo”, e, estas duas coisas quase inconciliáveis permanecem como sinal da sua transgressão.

A simplicidade aparente dos versos entra na linha do conjunto do poema ou do fado.  Este fado é uma exaltação da transgressão.
O fascínio da dança é uma espécie de feitiço, ao qual o enfeitiçado não pode fugir. E na dança está presente a música, o movimento, a sua sensualidade. Já o célebre filósofo F. Nietzsche dizia que o poder da música é superior à força dos conceitos.

Nada haverá que me resguarde, me proteja deste castigo, ou, desta condenação, porque ela traduz a minha condição, sejas tu, meu amigo, meu inimigo.
Será, exaltação daquilo que as pessoas têm direito?
É necessário roubar a felicidade aos deuses, que vivem no seu “eterno conforto do seu Olimpo”, já que a “alegria de vida” aos humanos lhes foge, ou, lhes foi negada.

E, parece que a via da transgressão se apresenta como parte da solução, do dilema que circunda e envolve o poeta, nesta dialéctica de “ser” e de “não ser”, que somente o movimento da dança encerra como “memória por castigo”.

EUROPOLITIQUE: Os chineses não pagam impostos na EDP? - Ou, o Estado tem direito a 60% em impostos na EDP?


 
Se a EDP teve lucros de 1.113 milhões de euros, em 2017, levantam-se vozes contra os “benefícios fiscais” da ordem dos 0,7/% pagos, quando devia entregar 29,5% ao Estado de IRC, ou seja, 348 milhões de euros.
Se o Estado Português tem direito a 60% dos lucros de uma empresa, cuja dívida líquida é da ordem dos 13,9 milhões de euros, em que paga de juros 813 milhões de euros em 2016, e, 691 milhões de euros em 2017, como pode singrar esta “holding” com tamanha carga de impostos?
Nesta lógica, o Estado sobre os 1113 milhões receberia 667,8 milhões de euros; enquanto que os seus accionistas ficavam com 445,2 milhões de euros. O lucro da empresa desceria para mais de metade.
É que os accionistas da EDP pagam 28,5% e imposto de selo sobre as suas acções, de forma que juntando mais 29,5% de IRC atinge a fasquia de 60% de impostos, a não ser que os estrangeiros, ou, os chineses não paguem.
Os nosso recursos de economia são fracos, mas torna-se evidente que algo corre mal neste imbróglio.
Se o mercado da habitação não funciona em Portugal, (a não ser o sector turístico), se não há esquemas de “rentabilidade da poupança dos portugueses” como pode avanças a economia lusa?
Se, os bancos são o que são, se as empresas portuguesas de renome desapareceram, que resta aos portugueses fazerem?
Guardar as suas parcas economias debaixo do colchão, ou, pagarem aos bancos para que guarde o seu dinheiro?
A primeira regra é que o dinheiro não pode estar parado. O dinheiro tem de funcionar, e dá trabalho e canseiras às pessoas se querem ganhar alguma coisa, mas neste sistema que não funciona, nem está bem oleado, só resta “olhar para o céu”.
Simplesmente, olhemos para a Suíça que o senso comum pensa que é rica porque depositam lá muito dinheiro. A Suiça, efectivamente, beneficia com o muito dinheiro depositado, mas a riqueza do Estado Helvético reside no turismo e nas mais de 10 empresas de renome internacional.

EUROPOLITIQUE: Recordando "Platero y Yo" ....Juan Ramón Jiménez

  Na minha tenra idade escutava os poemas de “ Platero y yo” , com uma avidez e candura própria da inocente e singela juventude, que era o ...