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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Quadros angolanos: A identificação do opressor

“As camisas à Mandiba” trouxeram um colorido africano à imprensa internacional, afastando-se do fato, gravata e colarinho branco, como símbolo e identificação do “branco opressor”. O estatuto moral de Nelson Mandela não merece roupagens de identificações cosméticas que diluam a sua imagem, já que a sua personalidade irradia outros esplendores de um “céu estrelado” (“e a lei moral em mim”, ao estilo kantiano) no arco-íris da Nação Sul-Africana. Mas a sua demarcação reluz em pequenos gestos que ilustram a sua personalidade. Todavia, uma certa e nova identificação da emergente e rara “classe média angolana” procura reproduzir os traços de certos opressores. Este tom mimético aproxima-se de que os seus filhos também devem estudar no estrangeiro, porque o ensino indígena não reúne as condições necessárias e suficientes para os sonhos paternais. Se, por acaso, se tem acesso a uma habitação condigna, anseia-se por qualquer comandante que imponha a luz e a água para que não faltem no condomínio. E, se, por acaso, existam elevadores, procura-se os lugares mais baixos para evitar as alturas!... A perspectiva de “olhar para o outro” ou “para o lado”, sem inveja do vizinho, já que nada se lhe pode invejar, encaminha-se única e exclusivamente no sentido vertical. E, claro que o “destemido quadro” envereda pelo fato, gravata e colarinho branco, desdenhando as famosas “camisas à Mandiba”. A emergência de uma classe média, que pague impostos, que constitua realmente uma autêntica “sociedade civil”, não se pode enclausurar no “olhar vertical de identificação” com o “branco opressor”, ou, de “outro tipo de cor”. Raros são os quadros angolanos que conseguem casas a 130.000 dólares, mas começam a despontar. Este despontar implica também uma “educação do olhar”, de horizontes e novas perspectivas de solidificação de uma autêntica “sociedade civil”. O valor do trabalho e a justa remuneração carecem da compreensão daqueles que também anseiam por uma libertação que não é só material, mas também mental. O exemplo de Mandela é um farol que libertando-se de si mesmo, libertou os outros da opressão.

Quadros angolanos: A "Toyota" do Jornal de Angola

Finalmente a “Toyota” veio para ficar; e, por isso, a empresa Salvador Caetano decidiu-se pela abertura de uma representação em Luanda. Não só, em Angola como noutros países africanos, a super abundância de “carros esquentados”, oriundos do país nipónico e seus vizinhos, desencadeou uma avalanche de trânsito que invadiu várias capitais. Mas, costumava-se dizer que em Angola não havia representações de marca de automóveis!... Ao slogan a “Toyota venho para ficar”, ao ritmo bem lusitano, junta-se a insustentável leveza de que em terras africanas a sua credibilidade quer dizer “por todo o terreno”, seja savana, areia ou penedo. Embora não seja obra do regime, Jornal de Angola notifica, com pompa e circunstância, como mais um evento comercial da sua capital – Luanda. A simples notícia não tem nada de singelo, salvo seja o seu degredo!...Ou seja, o pequeno negócio não tem pernas para andar, porque surge sempre alguém para sugar!... Pela escuridão do negro da sua impressão embrenhámo-nos no verde da floresta de Cabinda à procura daquele comerciante que de um só vez importou dez carrinhas “Toyota”. Perante tal êxito de comercialização divagamos pela opção de se erigir em importador oficial. A lógica progressiva do capital impunha-se passar do 10 aos 100, e do 100 ao 1.000, se os deuses favorecessem tal aventura, e, se o caminho natural fosse a criação de uma classe média, uma "sociedade civil" arejada e vivida . Mas esta aventura pelo “mundo dos deuses” implica passar pelo “mundo dos homens”, e este mundo dos homens é muito limitado pela “estrutura do poder”. É mais fácil passar pelo “cu da agulha” que atingir o reino dos céus africanos, de tempos ricos e arcanos, ou seja, o “mundo dos ricos”, de forma que passaram dez, de particular para particular, sem atingir o geral, porque o restante pertence ao general (não levem a mal!...).

EUROPOLITIQUE: Recordando "Platero y Yo" ....Juan Ramón Jiménez

  Na minha tenra idade escutava os poemas de “ Platero y yo” , com uma avidez e candura própria da inocente e singela juventude, que era o ...