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sábado, 24 de março de 2018

EUROPOLITIQUE: A luta económica entre as regiões em Espanha e sua relação com a Galiza: (Déficit português, no "import/export" de 3.800 euros, no "per capita" anual).

Fonte: Jornal Faro de Vigo
O P.I.B. português não atinge os 17% do Produto Interno de Espanha, da ordem dos 1 163 662 milhões de euros, enquanto que o luso se situa nos 193.122 milhões. Deste modo, o rendimento per capita em Espanha, no ano de 2017, atingiu os 25.000 euros, enquanto Portugal se quedou pelos 18.700 euros, isto é, uma diferença de 6.300 euros.
As importações portuguesas atingem os 35%, enquanto que as exportações se quedam nos 25% do P.I.B. Neste rácio, o rendimento per capita português deveria ser da ordem dos 22.500 euros, para seguirmos a Espanha. Quer dizer que temos um "handicap" de, nada menos, de 3.800 euros em relação ao rendimento "per capita" espanhol, nesta temática do "import"/"export".
O Produto Interno Bruto (P:I:B.) da Galiza atingiu, em 2017, os 60.000 milhões de euros, sendo a oitava região que mais cresceu em Espanha. No entanto, a Galiza tem um rendimento "per capite", superior ao português.

Enquanto que em Portugal se luta pela média europeia, as regiões espanholas comparam-se, entre si, relativamente ao desempenho e desenvolvimento da sua economia regional.

A região de Madrid surge, em primeiro lugar, com um rendimento médio de 33.088 euros, ao ano, seguida do País Basco e Navarra. 
Com uma diferença de rendimento médio, em relação a Madrid, está a Galiza, cuja distância atinge os 11.300 euros. (Aliás, idêntica situação ocorre com o salário mínimo em Paris, e, por vezes, nas suas províncias). 

Este sistema de economia regional, com independência e autonomia, é bastante diferente da realidade portuguesa. 
Por isso, qualquer crise política, a nível do governo central, tem uma interferência mínima no funcionamento geral da economia espanhola.

É um modelo diferente do sistema português, mas que temos de ver e analisar numa perspectiva do funcionamento da economia espanhola que cresce com pujança.

Por isso, apesar dos bons ventos, e, possivelmente dos “bons casamentos”, a estruturação da economia portuguesa carece de avanços bem fundamentados para continuar na boa senda.

Quando “elogia”, ou “desvaloriza” Portugal não se esqueça de olhar para o seu vizinho de lado, porque os galegos estão sempre à coca.

EUROPOLITIQUE: (5) "E SINTO QUE VOU MORRER..." Fado de "Vim morrer a Gondarém" - voz de Amália Rodrigues; poema de Pedro Homem de Melo


E grito, grito. Acudi-me

Ganhei dor. Busquei prazer.

E sinto que vou morrer

Na própria pátria do crime.

“Náufrago”, o poeta solta o grito de lamento prestes a iminente afogamento.
Certamente que não deitou o fardo ao rio, porque sabia nadar, nem a perícia da natação lhe faltava. Mas, aos outros, a aflição do afogamento arrastava-os como uma cruz que pairava no ar. No ar sibilavam os tiros e as balas, já que de meiguice, “nuestros hermanos”, não careciam. Os calabouços acolhiam facilmente os mais destemidos contrabandistas. Por isso, a fuga era o instinto natural do contrabandista.    
Alguns arriscaram a vida, porque das artes de natação pouco sabiam; e, o rio em tempestade, e, com vento, não pressagiava bom mensageiro.
A escuridão e as trevas toldavam os caminhos e atalhos que se erguiam em socalcos e pela noite adentro. A chuva tolhia os corpos, e, o suor brotava com o peso das cargas, que se protegiam com a carícia e força dos braços. As “preciosas cargas” tinham destino marcado, de cuja marca nascia o próprio sangue, ou, a honradez do seu compromisso:  - “nunca largues a carga”.
No cais de vela acesa jazia o corpo de um jovem, cheio de juventude, que pagou caro a sua ousadia.
O grito soltava-se quando as balas sibilavam pela calada da noite – “Deita a carga ao chão”- erguia-se a espingarda em riste. E, quando a coragem era maior soava sibilante, pela calada da noite ou do dia, a bala, ou, o tiro.
Quando a fome batia forte no estômago, as fatias de bacalhau seco soltavam-se alegremente dos seus fardos, amaciadas pela água doce do rio. A morte, a fome e a sede erguiam-se em grito de desespero.
“E grito, grito. Acudi-me”, nesta angústia, neste desespero que somente tem um lamento ou murmúrio de tempo e de vida.
O tempo de um grito, de um “ai”, porque sobre a cabeça o tiro, ou, bala  cai.
Se, os contratos de carga não eram cumpridos, as ameaças pairavam no ar como raios de dinamite. A pólvora usada nas pedreiras tornava-se ingrediente de qualquer falha de compromisso, já que à “palavra dada” não se falta, e, se firmava com “mão certeira”.
(Mas, o “contrabandista profissional” tinha uma linguagem própria, que dois anos de ensino seriam insuficientes para tão grande mestria. Até a luta contra o “Estado e os impostos” eram habilmente demonstrados pela entrada de divisas no País, porque os lucros advinham da Espanha. Todavia, a "economia tipo casino", a poucos favorecia).
Nesta luta, “ganhei dor”, sofri e pelo sofrimento “busquei prazer”. A dor é a antítese do prazer, e sem dor não sabemos o que é o prazer.
“E sinto que vou morrer, na...” neste lugar da transgressão, neste lar revolto e embrulhado, nesta contradição daqueles que lutam pelo pão.
Bandoleiro, figura itinerante nos romances de Camila Castelo Branco que tem o sentido de "salteador" (= salteador de estradas, bandido), ou, ladrão (que participa em assaltos, violento); que rouba em estradas, azinhagas, florestas e atalhos ou locais ermos e que geralmente faz parte de um bando (por exemplo, José do Telhado).




EUROPOLITIQUE: Recordando "Platero y Yo" ....Juan Ramón Jiménez

  Na minha tenra idade escutava os poemas de “ Platero y yo” , com uma avidez e candura própria da inocente e singela juventude, que era o ...