«A capela de São Martinho, construída a Norte da freguesia nos limites com Gondarém, foi a igreja primitiva de Lanhelas. Reza a tradição ter servido os paroquianos de Seixas, Sopo e Vilar de Mouros. (Arq. J. da freguesia de Lanhelas)
Já com o título de “igreja paroquial “ e “vigararia” que lhe
advém desde o século XIII, São Martinho de Lanhelas congregava as gentes ao seu
redor, debaixo do seu manto protetor. Por isso, estendia-se por terras de Sopo,
Vilar de Mouros e até mesmo Seixas. Ao seu lado, permanecia a abadia e padroado
de Gondarém, com cuja margem ou fronteira se limitava, "paredes meia" a capela de São Martinho. Esta capela, erguendo-se sobre
um outeiro sobranceiro à estrada nacional n.º 13, prolonga-se numa estreita colina
que se espraia sobre as águas do rio Minho. A capela sempre manteve um certo
enigma acerca da sua origem e desenvolvimento. Se a sua devoção recai sobre São
Martinho de Tours, ou, sobre São Martinho de Dume, eis um dilema que permanece algo
oculto e insondável na sua história. Se popularmente se evocar os festejos das “castanhas e
do vinho” remetemo-nos para o seu padroeiro, isto é, para São Martinho de Tours.
Se, dermos crédito ao desembarque de uma figura emblemática da sua diocese,
relembramos o grande bispo de Dume, que conduziu o II Concílio de Braga, em
572. Ora, consta que, São Martinho de Dume, desembarcou num porto ou ponto da Galiza, após
uma longa viagem em que foi venerar o seu homónimo. Portanto, provavelmente, este local
mantém-se como "marca ou peugada" do desembarque da sua comitiva, onde os livros
e discípulos faziam parte da sua companhia. Mas, seja em veneração do seu patrono,
seja na feliz coincidência de ser aqui o seu "porto de abrigo", estes dois
Martinhos tem a mesma marca e registo. Ambos são santos, e, ambos descendem da província romana de Pannonia
(hoje,Hungria), em que um “capitel visigótico” desta capela regista que os seus vestígios
remontam à Idade Média.
«O atual edifício,
debruçado sobre o Minho e a vizinha Galiza, foi restaurado em 1822, como pode
ler-se numa lápide mandada afixar no interior pelos beneméritos que custearam a
operação. Uma observação do edifício atenta permite descortinar uma cruz de Malta
e um capitel de visigótico» (Arq. J. Freguesia de Lanhelas).
Após, o colapso do
Império Romano do Ocidente, nos séculos IV e V, e, após a invasão dos Bárbaros,
a região da Galiza foi ocupada pelos Suevos. Durante um século e meio, os
Suevos dominaram esta região, até ao ano de 585, em que gozaram de alguma
prosperidade. O grande apóstolo dos Suevos foi Martinho de Braga, tornado bispo
de Braga, em 572, tendo convertido o rei Teodomiro, três anos antes. Já, em
556, tinha fundado um mosteiro em Dume, pelo qual também ficou conhecido como
Martinho de Dume. A sua obra “de correctione rusticorum” (Acerca da Correção
dos Costumes) é um dos elementos de orientação do seu monaquismo, e da instalação
de comunidades de eremitas pelo Noroeste Peninsular. Durante o século VI, a
influência de Martinho foi importante para a diocese de Braga, em que
predominou uma grande organização eclesiástica, através das suas paróquias,
que seguiam o percurso das vias romanas, segundo o “parrochiale suevorum”. As
circunscrições religiosas delimitavam as redes de "habitats", ou, pequenos
povoados. Um século após, São Frutuoso de Braga (656-665) continuará a obra
deste emérito bispo, através da difusão dos seus mosteiros rústicos, dedicados à produção agrícola..
Ora, em 585, os visigodos que conquistaram a Espanha em dois anos,
apoderaram-se, finalmente, do reino dos Suevos. A existência de “um capitel
visigótico” e de uma “cruz de Malta” vem demonstrar a antiguidade desta capela, que remonta à Idade Média. Presume-se que acompanhado
de alguns discípulos, e, carregado com os seus livros, o jovem monge Martinho, com os seus trinta anos de idade, na sua
ansia de combater as heresias da sua época e de evangelização, assumou a esta colina e caminhou até aos arredores de Braga, quando aqui aportou no ano de 550.
E, tudo aponta para que a partir do século VI , e, sobretudo VII, o orago da igreja paroquial de Lanhelas e seu patrono seja São Martinho, na sequência da via romana para Vilar de Mouros e da via "per loca maritima", e, também segundo o "parrochiale suevorum".
OBS:
Doc. 1 - Carta de Recomendação, Padre Manuel Dantas da freguesia de São Martinho de Lanhelas - 26.06.1777. (Arq. de Braga).
Doc 2 - Os Santos Padroeiros de Caminha by Lourenço Alves, Caminha, 1984.
Doc. 3 - "Inculturas Ruprestes do Alto Minho" (Abel Viana, pg.7).
Doc .4 - Julgado de Cerveira (Arq. Distrital de V.C.) ref. 1615, séc. XIII (1258)
Doc. 5 - Historia Medieval da Pen+insula Ibéwrica, Adeline Rucquoi, Editorial Estampa,Lisboa, 1995.
Doc..6 - A Civilização do Ocidente Medieval, Jacques Le Goff,, Editorial Estampa, Lisboa, 1985.
Obs. 1 - Os numetanos - Lanhelas - "Aqua lae"
Obs. 2 - Vilar de Mouros doado a Tui, em 1071.
Obs .3 - Bouça Velha, Chã das Carvalheiras, Chã das Castanheiras".
E, tudo aponta para que a partir do século VI , e, sobretudo VII, o orago da igreja paroquial de Lanhelas e seu patrono seja São Martinho, na sequência da via romana para Vilar de Mouros e da via "per loca maritima", e, também segundo o "parrochiale suevorum".
OBS:
Doc. 1 - Carta de Recomendação, Padre Manuel Dantas da freguesia de São Martinho de Lanhelas - 26.06.1777. (Arq. de Braga).
Doc 2 - Os Santos Padroeiros de Caminha by Lourenço Alves, Caminha, 1984.
Doc. 3 - "Inculturas Ruprestes do Alto Minho" (Abel Viana, pg.7).
Doc .4 - Julgado de Cerveira (Arq. Distrital de V.C.) ref. 1615, séc. XIII (1258)
Doc. 5 - Historia Medieval da Pen+insula Ibéwrica, Adeline Rucquoi, Editorial Estampa,Lisboa, 1995.
Doc..6 - A Civilização do Ocidente Medieval, Jacques Le Goff,, Editorial Estampa, Lisboa, 1985.
Obs. 1 - Os numetanos - Lanhelas - "Aqua lae"
Obs. 2 - Vilar de Mouros doado a Tui, em 1071.
Obs .3 - Bouça Velha, Chã das Carvalheiras, Chã das Castanheiras".