Quando há meia dúzia de anos, a Galp teve na mão 750 milhões de euros de lucro, após pagar os accionistas, ainda se vislumbrou que construísse um edifício idêntico ao da Sonangol em Luanda.
É evidente que isto é “pura miragem do deserto”, apesar de comprarmos petróleo aos líbios. Mas isso é outra história!...
Construir a sede da Petrogal em Sines seria tornar Sines na “capital do petróleo”, o que não convém, em nossa perspectiva, à classe política.
O Dr. Pinto Balsemão, (peço desculpa evocar tal personalidade) sabe bem destas coisas. Tornar uma pequena vila do país em “capital das artes”, é preciso ter “arte engenho”.
A arte e engenho que caracterizava o célebre escultor José Rodrigues:“com o tempo aquilo passa-lhe”, quando era alvo de críticas jornalísticas.
Mas o Dr. Pinto de Balsemão (desculpe, se evoco o seu nome em vão) também deve saber que os seus interesses jornalísticos passam por ter Sines como “capital do petróleo”.
A dinâmica empresarial dos USA, além da luta e afirmação das grandes cidades pela construção de arranha-céus, passa pela manutenção e afirmação de fábricas locais que em cada lugarejo dão emprego e fomentam a actividade comercial.
Por isso, constituir Sines, como “centro nevrálgico do petróleo”, além de uma reivindicação sadia é a consagração de uma zona que se dedica especificamente ao seu trabalho, à sua matéria e às suas relações.
Manter na ignorância as suas potencialidades significa silenciar a pujança que esta zona detém como símbolo de afirmação.
Em vez de nos cruzarmos com embaixadores furtivos, de olhar soslaio, seria bom olhar de frente para a realidade.
Nesta luta entre a “sociedade civil” e a “sociedade política”, apesar de todas as críticas que qualquer leitor possa levantar, ergue-se o lema do célebre escultor José Rodrigues: “com o tempo passa-lhe”.