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domingo, 14 de fevereiro de 2016

EUROPOLITIQUE: "Os carnavais e a transgressão da jornada agrícola" # Clara Ferreira Alves

O meu avô, que nunca ia para os "tachos", apesar de ter tido um restaurante em New Jersey, ao lado da metropolitana New York, plantava-se fardado junto à lousa dos filhoses, para receber os “desconhecidos intrusos” que celebravam o Carnaval.
Esta tradição popular  - provocadora, alegre e risonha  - desapareceu do Norte do País, para os modernos carnavais à brasileira, à beira mar plantados.
Mas, este bando de forasteiros que desafiavam os lavradores “abastados”, com a sua transgressão do “jornada agrícola” encaixa-se perfeitamente nos acompanhantes do deus grego Dionisios, cujas bacantes aspiravam  aos eflúvios das adegas e dos filhoses. 
Um dia fui fazer um pequeno exame com a “Origem da Tragédia” de Frederico Nietzsche na mão, e, sobre a “transmutação de valores” no mundo da língua portuguesa, aludiu-se ao impacto do Carnaval no Brasil.
“A Pluma Caprichosa” de Clara Ferreira Alves, “inimiga declarada dos blogues”, afirma que: ”na tradição da alegria obrigatória só contribui para a melancolia pecuniária, e não, o Carnaval não é um direito dos trabalhadores”.
A antiga tradição portuguesa, que por força do cristianismo camuflava a sua mundaneidade, recorria ao bando de forasteiros que com as suas bacantes transgrediam a “jornada agrícola” dos camponeses, forçando-os ao descanso.
Redesenhar o Brasil em “filosofia moral e política” entronca também numa transmutação que o Carnaval brasileiro traduz como símbolo da festa e da celebração, embora modernamente sujeito ao marketing.
Mas os “faunos gregos” da antiga tradição grega encaixam-se no "bando de forasteiros" que à portuguesa se desnudam com as suas bacantes numa alusão à transgressão, ao convívio, à celebração, à alegria, e, ao apelo de um dia de descanso.

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