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quinta-feira, 5 de março de 2020

Pelos caminhos do Hotel Boega - Apêndice - 1 - "Navegando na ilha da Boega"

  A ILHA DA BOEGA

Boega - há quem associe às ervas daninhas e à morraça que espontaneamente desponta nesta ilha, o nome de “Morraceira do Cónego”, este espaço plano em forma de barco. Com um comprimento da ordem dos 1400 metros, cuja largura no seu bojo é de 400 metros, encontra-se bordejado de árvores e arbustos ao seu redor. Popularmente dita e chamada - a ilha da Boega - confirmada também, em documentos oficiais, tornou-se “propriedade privada” em 5 de Fevereiro de 1952, por iniciativa, aquisição ou provável compra da família Almeida Braga, segundo reza o “Diário da República de 18 de Março de 1952”


Até à construção das barragens da Galiza, anualmente, as águas do rio Minho transbordavam as suas margens, nos invernos rigorosos, originando um imenso lago. Nesses tempos, uma “larga barca” recolhia o contingente de animais da ilha, para não se afogarem. Tal, como outrora, uma antiga barca servia no cais de Ligo de passagem para a outra margem, ou seja, para a anterior “ilha do povo”, já que os seus “talhões de terra” estavam distribuídos por vários agricultores. Ainda, sem qualquer registo de propriedade, somente em 1952 surge a sua reivindicação. Após a sua compra e com o pagamento de taxas, no registo predial, a ilha beneficia de um regime especial de “propriedade privada” entre o domínio público e privado, ou seja, segundo certas regras estatais.


 “A barca do povo”, que morreu afogada no seu lugar, jazia no lugar do Ligo, em linha reta com a atual rua Coutinho, que parte da E.N. 13 em direção ao rio. Os cabos ou tirantes permitiam à chamada “barca do povo”, que fosse puxada por arrastamento, nos seus quase cinquenta metros de largura. Durante anos ficaram visíveis os vestígios ferrugentos deste andarilho, autentica geringonça que se perdeu com os anos. O seu afundamento e desinteresse coletivo originaram o interesse particular. Deste modo, os pequenos lotes da rendilhada ilha foram vendidos à família Almeida Braga.


É, a partir de 1952, que se inicia o aproveitamento agrícola da ilha, através de um moderna mecanização da lavoura. A construção de um grande estábulo para criação de gado e uma nova agricultura dão uso aos tratores, aos silos, às ceifeiras mecânicas, aos serviços de rega, contrastando com o antiquado aproveitamento da terra, de economia doméstica.



Entre os anos de 1950 a 1970, a ilustre família Almeida Braga, como legítimos proprietários de uma ilha em domínio público, nunca proibiram o seu acesso. A parte sul da ilha funcionava como praia fluvial popular com o seu areal verdejante; enquanto no extremo norte, corvejam os mensageiros de Odin com o seu poder e magia, anunciando que o território - bold - e os ovos - eggs - desta ilha, grasnam "Boega".

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