A ILHA DA BOEGA
Boega - há quem
associe às ervas daninhas e à morraça que espontaneamente desponta nesta ilha, o
nome de “Morraceira do Cónego”, este espaço plano em forma de barco. Com um
comprimento da ordem dos 1400 metros, cuja largura no seu bojo é de 400
metros, encontra-se bordejado de árvores e arbustos ao seu redor. Popularmente
dita e chamada - a ilha da Boega - confirmada também, em documentos oficiais, tornou-se
“propriedade privada” em 5 de Fevereiro de 1952, por iniciativa, aquisição ou provável
compra da família Almeida Braga, segundo reza o “Diário da República de 18 de
Março de 1952”
Até à
construção das barragens da Galiza, anualmente, as águas do rio Minho transbordavam as suas
margens, nos invernos rigorosos, originando um imenso lago. Nesses tempos, uma “larga
barca” recolhia o contingente de animais da ilha, para não se afogarem. Tal,
como outrora, uma antiga barca servia no cais de Ligo de passagem para a outra margem,
ou seja, para a anterior “ilha do povo”, já que os seus “talhões de terra” estavam
distribuídos por vários agricultores. Ainda, sem qualquer registo de
propriedade, somente em 1952 surge a sua reivindicação. Após a sua compra e com
o pagamento de taxas, no registo predial, a ilha beneficia de um regime especial
de “propriedade privada” entre o domínio público e privado, ou seja, segundo certas
regras estatais.
“A barca do povo”, que morreu afogada no seu
lugar, jazia no lugar do Ligo, em linha reta com a atual rua Coutinho, que parte
da E.N. 13 em direção ao rio. Os cabos ou tirantes permitiam à chamada “barca
do povo”, que fosse puxada por arrastamento, nos seus quase cinquenta metros de
largura. Durante anos ficaram visíveis os vestígios ferrugentos deste andarilho, autentica
geringonça que se perdeu com os anos. O seu afundamento e desinteresse coletivo
originaram o interesse particular. Deste modo, os pequenos lotes da rendilhada
ilha foram vendidos à família Almeida Braga.
É, a
partir de 1952, que se inicia o aproveitamento agrícola da ilha, através de um
moderna mecanização da lavoura. A construção de um grande estábulo para criação
de gado e uma nova agricultura dão uso aos tratores, aos silos, às ceifeiras
mecânicas, aos serviços de rega, contrastando com o antiquado aproveitamento da
terra, de economia doméstica.
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