O nascimento de uma sociedade paralela à margem da sociedade política europeia, cada vez mais, ganha um espaço em certos meios.
A sociografia eleitoral europeia demonstra um descontentamento que transborda em partidos espúrios, sinal manifesto do descontentamento popular.
A moeda sem Estado - o euro - tem benefícios e inconvenientes. Apesar das recomendações do FMI, a eurolândia não dispendeu o dinheiro suficiente para atacar o neo-liberalismo financeiro ainda existente. Não foram atingidos os tais 2%.
Além disso, as promessas bancárias de percentagens de lucro, não podem, nem devem criar ilusões face à economia real.
É natural que a tricefalia europeia, comandada por três países, França, Inglaterra e Alemanha não é tão uníssona como se pensa.
O General DeGaulle sempre desconfiou da Inglaterra (e, a prova dada é que os ingleses ainda continuam com a libra), e, a Alemanha que sempre enriqueceu face à debilidade francesa, encontra nesta um certo poderio militar do qual faz galardia.
Aqui, neste país periférico, pouca ou nenhuma noção temos do jogo de interesses da União Europeia. Vivemos fechados numa política nacional, muitas vezes estéril, que nem aproveita bem as benesses da União.
Além de todas as razões apontadas pelos iminentes políticos, onde incluo Mário Soares, existe uma razão mais secreta pelo interesse da Europa relativamente a Portugal. Esse trunfo ainda não foi bem aproveitado pela élite política, para dele tirar alguns dividendos.
A iminente eleição de Durão Barroso, tem de ter em conta o papel das élites europeias que cada vez mais se estão a demarcar desta Europa política. (Aliás, a Europa tem de exigir mais dos portugueses!...Não basta somente ter um candidato. Existem outras razões que fazem parte do projecto europeu!...)
Ao contrário dos americanos, que têm sempre uma máquina bem montada e oleada, capaz de resisitir às várias crises, a Europa tem de se encontar no diálogo dos seus "partenaires" políticos, intelectuais, sociais, económicos, militares e diplomáticos.
De nada servem os Tratados se não existe uma ligação com a realidade social. Em certos pontos, apesar da diversidade europeia, existem mecanismos sociais que suplantam a realidade americana. Por isso, urge aproveitar aquilo que temos de bom em relação aos outros e refazer outros aspectos da política.
Um ponto essencial de partida, no nosso entender, começa com a identidade europeia.
O que é isto de ser europeu?
Temos a mesma confiança que tem um americano?
Temos meios que nos permitem afirmar esta identidade?
Sentimos na pele esta realidade europeia?
Vencemos, nós, os estigmas de um certo nacionalismo?
Os alemães ficam furiosos por contribuir para os espanhóis?
Os portugueses têm medo de um imposto europeu?
A diversidade linguística ultrapassa-se nesta identificação?
Estarão aptas as várias instituições e preparadas para tornar eficaz este processo de identidade?
O que se torna evidente é que uma sociedade paralela à margem da sociedade política cada vez mais engrossa esta contestação, e, se afirma, como fissura, num processo de falta de identificação ou de identidade com a Europa política.
Não é somente o euro e o direito que nos darão uma identidade europeia.
É urgente ir mais longe!...
Uma nova arquitectura para a Europa?
P.S.
Enquanto em Espanha se discute um projecto e demora 5 anos, em Portugal demora-se 10.
(Não falando dos velhos projectos com 40 e 30 anos!...)
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