A eleição de Trump deixou muitas
incógnitas na senda internacional, fazendo prever algumas ideias esboçadas pelo
candidato, cuja promessas ou implementação podem ou não ser efectivadas, já que
as instituições americanas são complexas e diversas.
O eixo atlântico, sobretudo, a
Europa carente de uma defesa externa e de uma diplomacia de “voz única” parece
fraquejar perante algumas ideias avançadas por Trump, que podem conduzir ao
surgimento dos “dois blocos”.
Se, o Iraque é consequência
militar dos USA, a Líbia é referência dos franceses e ingleses, que após os
bombardeamentos deixaram o seu destino, aos sabores dos ventos africanos e das suas
tribos. A diplomacia portuguesa, de quem se esperava alguma coisa, alinhou pela
estratégia comercial da França, que anteriormente já tinha exibido os créditos
na exclusiva procura de interesses económicos. Nem os fundos líbios na CGD serviram
de travão para implementar qualquer presença lusa, limitando –se a uma pequena
ajuda hospitalar, que implicou a debandada diplomática.
A defesa da Europa, com a saída
do Reino Unido, ficou empobrecida. O centro nevrálgico de Paris, apoiado por
uma Alemanha desmilitarizada, carece da implementação de autênticos pilares ou
bastiões para uma defesa em situações imediatas. Apesar de um reduzido núcleo
de defesa nuclear pela França, as restantes forças dependem da sua estratégia
europeia. Ou seja, é demasiada responsabilidade para um país só.
A Europa carece de um sólido sistema de defesa, que sem o
apoio americano, fica dependente da hegemonia da Rússia, colocando-a numa
influência externa, que perdeu nos últimos anos. Juntamente com a defesa surge
a diplomacia, e, na sua definição de “espaços de influência externa”, deve
resultar da experiência histórica que os vários povos europeus têm exercido.
Conjuntamente com a defesa militar arrasta-se o
desenvolvimento de “novas formas políticas”, que impliquem mais representação
dos “cidadãos europeus”. Desde já, começa pela formação e funcionamento do
Parlamento Europeu, pela renovação e papel de certas instituições adjacentes;
e, sobretudo pela implementação de “sistemas financeiros e económicos” que
integrem o papel das várias economias em funcionamento, respeitando a sua
diversidade, mas inserindo as suas partes num todo.
A moeda única, valor de troca de mercadorias, sobretudo,
dentro do seu espaço, implica que as suas transacções insiram as respectivas
produções nacionais, num contexto em que os produtos europeus sejam objecto de
consumo dos seus próprios consumidores.
A diversificação económica implica um imperativo de intercâmbio, em que
os produtos sejam consumidos numa base de reciprocidade, que implicará redução
da globalização externa, pelo privilégio da produção interna. Somente, com
“novas formas e fórmulas económicas” que dominem o “sistema financeiro” que na
sua lógica não se alimente, domine e estrangule os produtos em valores de
“jogos de casino.”