A paisagem do Alentejo, devido ao processo de regra de
Alqueva, está a passar da sua riqueza cromática endémica para o colorido
renovador de novas culturas, que se estendem num “novo verde”, realidade e
símbolo de um autêntico pomar vegetal. O forte “verde azeitona” dá origem a
outros coloridos efémeros de novas
culturas, que repousam no ocre da terra.
Esta “extensão de paisagem”, que
sobe e desce no horizonte como as ondas de um mar, contrasta com outros
sistemas de produção intensiva. Enquanto que nos USA, face aos hectares de
produção se ergue uma casa e um silo, com o seu camião de transporte,
assiste-se, em pleno Alentejo, à inovação de produção agrícola. Mas esta
“extensão de paisagem” pode bem caminhar para uma produção de “patos bravos”,
cujo destino é somente o lucro, abandono e desertificação.
É imperativo que o agro-alimentar
e as suas indústrias se instalem e desenvolvam um processo de produção agrícola
bem alicerçada. Se evocarmos a “paisagem americana” verificámos que face aos
hectares de produção intensiva, reaparece uma fábrica e um comboio de
mercadorias. Produz-se, transforma-se, comercializa-se.
Ainda estamos longe de uma
indústria alimentar inovadora que atinge certos patamares, mas as condições
começam a surgir e certas infra estruturas estão montadas.
Todavia, se caminharmos para uma “política de patos bravos”, apesar dos
novos 150 milhões de recente investimento, corremos o risco de criar um novo
deserto, pior que os antigos montes
alentejanos da cortiça e do sobrado.