Reluziam os Mercedes prateados conjuntamente com os fatos acetinados de encontro ao edifício envidraçado em plena rua curvilínea, já que tão nobre “embaixada” se vangloriava na sua fachada.
A “task force” policial exibia no colar branco da negritude dos pescoços as elegantes gravatas italianas de recentes quadros, avidamente encaixados na sua arte e ofício.
“Affair” que é “affair” requer tempo e emoção, estudo e caução, quando o “money” é da nação. (Parece, "maning nice".)
A estadia prolongou-se pelo mês em frente, tal era a exaustão e profundidade da problemática envolvente, não fosse a eficácia reduzir a uma semana este imbróglio, cujo novelos entreteciam a sua urdidura.
Ocasionalmente, os desvios tornavam-se uma certa constante, dada a profusão monetária do jorro de petróleo que inundava e ensopava em terra africana.
Existiam algumas somas que dadas a sua exorbitância planeavam pelas folhas dos jornais esfumando-se como nuvens de tabaco, ou, recaíam na alçada de uma esmerada justiça, todavia, este pequeno “affair” tornara-se um verdadeiro “case study”.
Toda a aquisição de aprendizagem nos meandros da sua engrenagem despertava o interesse desta “task force” policial, deslocada propositadamente de uma capital africana para outra capital europeia.
Por isso, o prolongamento da sua estadia não se devia tanto à vil soma monetária, mas tanto à argúcia do seu mentor. Como foi possível que um simples amanuense tivesse a ousadia de disparar, em catadupa, alguns milhões de dólares das contas do erário público?!...
A conta hoteleira dependia da habilidade do sistema de ratoeira. Deste modo, a vileza de tal acto devia-se superar pela nobreza dos fatos acetinados, condizentes com os Mercedes prateados.
Quando a soma é pequena torna-se um roubo; e casa roubada implica trancas na porta, quando a soma é grande torna-se desvio, sumiço ou feitiço.
Várias vezes, Demóstenes consultou o curandeiro, célebre pelas suas “macunbas” no bairro “Roque Santeiro”, na periferia de Luanda. Aspergiu os documentos com uma cândida benzedura para que o seu voo até Lisboa levasse um verdadeiro sumiço e feitiço. Mas como a mercadoria era demasiado pesada, este incauto Ícaro não previu o sol reluzente destes agentes, e, tornou-se num osso e um quebra-cabeças para a “task force” policial que transformou uma semana num mês de aturada e criteriosa investigação.
Mas quem rouba a ladrão, tem sempre cem anos de perdão!...
Copyright - Luságua.