Em terras
lusas, dois estros da oratória refulgem como lídimos cavaleiros destas andanças,
a quem a oratória engrandeceu para encantamento dos seus auditórios. O ethos, o
pathos e o logos reúnem-se no orador para que se configure a sua credibilidade,
se imponha o seu discurso, se arraste a multidão, como plebe dominada pelo
seu senhor .
Por terras brasileiras, o Padre António Vieira, com os seus
“Sermões” deixou-se florir em longas explanações na língua de Camões; e, por
terras portuguesas e italianas, São António de Pádua ou Lisboa, com as suas “pregações”
deslumbrou os seus auditórios. Ainda que o “sermão aos peixes” do Santo de Lisboa se
tornou numa parábola portuguesa, digna da ingratidão lusa.
Por terras das
novelas do Minho e do próprio Camilo, reluziu, no final do século, outro estro escondido
da oratória portuguesa. Do alto da colina, que mais alta se tornava com o sopé
do seu espigueiro, pedindo aos deuses e a Roma a sua bênção, ecoava, este grito
estridente, como introito digno dos antigos senadores:
«SENATORI
ROMANI…Senatori romani…» o eco ribombava: “senatori romani”…
Com este
grito estridente, não era a capital eterna que aos romanos se exigia. Nem era o
chamamento para qualquer legião romana adormecida. Era a certeza que um tribuno
despontava com a sua toga para eco dos patrícios, a quem a oratória não os tinha
bafejado. Se Demóstenes se treinava na praia com seixos na boca, já que de “boca
de oiro” se tratava, “a voz de prata”, que de Roma se reclamava, erguia-se maviosa
e cantante:
“Senatori
romani”. "Senatori romani"
"Tirem-me, daquele poleiro, essa ave cantante" - gemia aquela alma inocente que dos vizinhos tinha dó.