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segunda-feira, 30 de março de 2020

EUROPOLITIQUE: Ao encontro da ilha dos Amores, no Noroeste Peninsular


AO ENCONTRO DA LENDA DA ILHA DOS AMORES

Alfredo Roque Gameiro - O mundo rural

 

Os encontros secretos ou escondidos de D. Afonso Henriques não se quedaram somente pelos "beijos roubados", nesta encantadora ínsua do rio Minho, que apelidam de “Ilha dos Amores”. 
Se “não era fogo que arde sem se ver”, (Camões estava distante) era labareda, faísca, calor e ardor, “intensa chama” ou paixão; já que a beleza despontava naturalmente na encantadora Chamôa, ou, melhor dizendo, naquela chama, ou, " Flâmula", fazendo jus ao seu nome. 

Em frente da “Ilha dos Amores”, no Condado de Toronho vivia a jovem dos seus sonhos: Chamôa Gomes. Apesar de se apaixonar por D. Afonso Henriques, foi obrigada a casar-se com um dos mais importantes nobres portucalenses, cujo nome era Paio Soares. Casada, muito jovem, deste casamento resultaram três filhos. Acresce-se, ainda, outro filho, cuja origem se deve a um breve romance com o seu primo Mem Rodrigues de Touges, quando estava debaixo das grades de um convento. 

Desde os seus dezanove anos, que no coração do "futuro rei" fervilhavam estes “amores proibidos”, apesar da oposição e rivalidade da família galega dos Trava. E, desde o ano de 1138, que estes amantes mantinham uma forte atração, aliás: «foi muito mais do que isso: D. Afonso Henriques - no auge da sua pujança pessoal e da sua trajetória militar e política - conhece uma mulher, de quem se enamora intensamente, e que será a grande paixão da sua vida (...) é uma rapariga da melhor nobreza galega, jovem e bonita por certo, de seu nome Flâmula Gomes...». Conforme descreve: (Prof. Dr. Freitas do Amaral, na biografia sobre D.Afonso Henriques).

D. Afonso, já com 31 anos, na sua intensa vida amorosa com Chamôa Gomes, gerou dois filhos, considerados bastardos; fruto desta relação amorosa.

Por duas vezes, D. Afonso Henriques perdeu o Condado de Toronho, e com ele os seus dois barcos, junto ao Mosteiro de Santa Maria de Óia.  Mas, nunca esqueceu a sua amada Chamôa, que acabaria por entrar num convento de Grijó, já que era dezoito anos mais nova que o rei. 

Aos trinta e sete anos, D. Afonso Henriques casou com a rainha Mafalda, por conveniências políticas, e por causa das suas ambições territoriais. Mas, do lado esquerdo do Rio Minho, reza a lenda que dois amantes se encontravam nesta "Ilha dos Amores". A lenda, ou, história fabulosa, conta que um português e uma espanhola, por desavença parental, se enamoraram eterna e apaixonadamente nesta "Ilha". E, se a frondosa ilha se reveste de verde manto natural, nela se embeleza uma história de amor, cheia de encanto e ardor. A paixão que enobrece certos corações faz parte das suas ilusões. Ainda que o castelo de Celmes, no Sul da Galiza, esteja distante e na zona de Xinzo de Límia, a passagem sobre as águas para o Condado de Toronho abria-se como "porta e  porto natural" do encontro destes enamorados, através desta ilha. O enlace destes enamorados na "Ilha dos Amores" permanece um mistério, em cujo enigma se esconde ou reanima uma lenda, e, em cuja história, dois barcos atestam as suas rotas através das brumas do mar, no Noroeste Peninsular.


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