A casa apresenta-se com um traço retilíneo, sóbrio e quadricular, em que uma varanda panorâmica sobressai sob a escadaria granítica, que dá acesso ao piso superior. As molduras de alvenaria das suas janelas são simples e rudes. Na fachada principal que é lateral à rua, destaca-se um "portal senhorial" que não se enquadra com o sentido viário. Atravessado lateralmente, permanece um espaço vazio em frente ao portal, como "obra inacabada", qual adro de uma capela.
Ora, em 25.10. 1737 existe um “registo de papéis para a fabrica da capela de São José, que de novo quer erigir Maria da Silva, viúva na sua quinta de Seixo, da freguesia se São Pedro de Gondarém , termo de VNC, da Comarca de Valença”. (Arq. Distrital de Braga).
Este pedido alia-se ao "registo de provisão para se benzer com a invocação de Jesus, Maria e José", feito em 14.07.1738; e, `"licença para um confessionário na sua capela", efetuado em 13.12.1738, (Cf. Arq. Distrital de Braga).
A autorização da capela obedecia a certos critérios entre os quais se destaca o seu elemento semipúblico: com uma porta aberta para a rua, com um culto de acordo com a paróquia, e suscetível da visita de qualquer eclesiástico. Estas eram algumas das condições do arcebispo de Braga que não se verificam no local.
Este pedido de construção vai de encontro às “referências mais antigas que se conhecem dizem-nos, que no seu conjunto, esta é a quinta do Seixo” (Diário do Minho, 2015). Os vestígios do caminho do Seixo, como da sua quinta, são um pouco vagos; tal como, a edificação circular, posto de observação, na extremidade do solar da Loureira, cujo nome era mirante.
A data da sua construção entre o século XVI e XVIII também é incerta, mas o património permanece visível com os seus vestígios.
A mesma situação não acontece, em frente desta propriedade, ou seja, a antiga quinta da Sobrosa. Infelizmente, o seu portal desapareceu, por alargamento da mesma rua; e, as pequenas estátuas, colocadas no espigueiro, foram vendidas. Normalmente, os portais romanos tinham pequenas esculturas que embelezam a entrada. Nos seus dois espaços retangulares vazios, o antigo “portal de estilo românico” fazia lembrar as construções que, a partir do século XI ao século XIII, foram erigidas na rota dos Caminhos de Santiago, pelos pedreiros oriundos da Normandia, os mesmos que destruíram e construíram os portais de Compostela.
A reportagem do jornal “Diário do Minho”, 1 de Março de 2015, deixa muitas lacunas sobre a origem da “Quinta do Mirante”. Mas, na nossa memória permanece o enigma sobre a antiga quinta da Sobrosa, a cujo nome estão associados os seus descendentes. Existiria uma segunda rota dos Caminhos de Santiago, ou, existiu uma “olaria” de cujos tornos, se cunharam os “tornilhos”, antigos “Sobrosa”?
Todavia,
há quem defenda que «a casa do Mirante é a casa mais antiga da Quinta da
Loureira, anterior ao Solar da Loureira séc. XVI».
N.B.
A filha deste casal D. Maria Teresa de Novaes Ferraz de Gouveia, casou ainda na igreja de Remelhe, em 1762, com José António de Faria e Sousa Silveira, senhor das Casas do Seixo e da Loureira, em Gondarém, Vila Nova de Cerveira, sargento e capitão-mor desta Comarca.
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