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segunda-feira, 16 de março de 2020

(5) Pelos caminhos da Boega - Etimologia de BOEGA HOTEL - (Quinta do Outeiral)



Século e meio separam a chegada ao Baixo Minho da terceira invasão viking, comandada por Gunderedo (ano de 966), quando luzia no Noroeste Peninsular, o "luzeiro" de Santiago (ano de 813). Cristãos, árabes e normandos lutavam pela posse do território. Nesta encruzilhada de povos encontra-se a "quinta do Outeiral" sofrendo as suas vicissitudes históricas, entre uma Galiza do Norte e o Condado Portucalense. Metaforicamente, sem Gunderedo não existia a "Boega".


É, em pleno século X, que o nome desta freguesia começa a fixar-se e a radicar-se na palavra – Gundarem ou Gondarém – fazendo jus à chegada de “jarl” Gunderedo, na Primavera do ano de 966. A sua permanência nestas terras dura entre dois a três anos, mas cuja fama o perseguia desde o Ducado da Normandia. Os cronistas árabes descrevem-no como “Rey Gunderedo” («navegaron bajo el mando  de su rey Gunderedo»), conforme relata a “Primera Crónica General de Afonso X, el Sabio", (ed. Ramón Menéndez Pidal, Madrid 1906).



Após a expedição de Décimo Júnio Bruto (128 A. C.) ao rio Minho, que no Noroeste Peninsular não tinha ecoado tão alto, este nome de origem hispânica – Gunderedo. As suas façanhas remetem-no para os célebres ataques a Santiago de Compostela, partindo do Baixo Minho, mas a sua fama remonta às terras francas. O seu famigerado “castelo” confunde-se com o nome de “Boega” – ou seja, a maior ilha do rio Minho, em face à Quinta do Outeiral. Estes relatos devem-se ao famoso geógrafo Al Idrisi (cronista árabe), no seu livro “Descripción de España”. Aliás, o cronista Al Idrisi relata que existia um “castelo de difícil acesso”.

 

Para estes “homens do Norte”, o rio era uma estrada, graças à tecnologia dos seus barcos. Mas o rio Minho já não era a “estrada do ouro e do estanho”, segundo Plínio, mas uma “porta de entrada” nas riquezas do Apóstolo de Santiago. Melhor abrigo, ou, ponte de ataque não existia que não fosse uma ilha que se confundia com um castelo, segundo Al Idrisi. Não consta que Gunderedo tenha atacado Tuy - a “civitas tudensis.” Por isso, certamente que beneficiou dos conflitos e rixas entre senhores galegos e portucalenses. O atraso na indústria e técnica naval da Galiza facilitou o êxito inicial de Gunderedo que dominou a Galiza durante dois anos. A fama de Gunderedo ficou célebre nos seus ataques a Santiago de Compostela, pelos anos de 970, correndo a “ferro e fogo” a Galiza do Norte.



A etimologia da Boega é indissociável das façanhas de Gunderedo. Seja a quinta do “Mosteiro de Santa Maria de Oia”, seja a quinta dos “Pereira”, seja a quinta do “Cónego da Sé de Braga”, seja a quinta do” Lima”, ou, finalmente seja a quinta dos “Almeida Braga”, a radicação e reivindicação de “Boega Hotel” remete-nos para os primórdios das suas origens, quer como “couto”, quer como estadia de Viking Gunderedo.

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