«O postal das Finanças era o equivalente do papão das crianças, o monstro
desalojado que espreita a sua oportunidade para invadir a propriedade alheia e
instalar-se no coração dos meninos maus».
Esta frase de Clara Ferreira Alves, publicada no
Expresso, denota como estamos cercados e manietados pelas Finanças.
Presumo, que a colunista nunca viu a sua casa,
propriedade privada, invadida por outrem, que nela se domiciliou; e, perante
esta caricata situação, certos funcionários “jocosamente” dizem que é da
família, ou, pertence ao mesmo clã, sendo, por isso, uma amistosa invasão. Claro,
que à família muitas coisas se perdoam, sobretudo quando o “domiciliado” é
despojado da sua casa, que tanto adorava como propriedade sua, mas sem registo
evidente, todavia consagrada em tribunais, e, popularmente consignada; mas, por
obra do destino e de mãozinhas habilidosas, é colocado na propriedade de
outrem.
“Invasão de “propriedade privada”?
“Deslocamento informático”?
“Desterro improvável”, para pagamento de
impostos?
É que, os “meninos maus” (aqueles que ficam mal
na fita) e, que se insurgem contra estas “trapalhadas” são obrigados a aceitar a
sabedoria e habilidades de outros, cuja jactância se improvisa na eloquente
frase: “chego, ali, às Finanças.... e, pimba”. Mas, esta mestria, cuja raia jaz
a corrupção, tem como objetivo instalar “novos inquilinos” na casa desalojada,
já que o seu dono, não certificado, foi “gloriosamente” posto a invadir uma
propriedade privada.
Desaloja-se uma senhora indefesa, instala-se
novos inquilinos, e, invada-se a “propriedade privada” de outrem, com grande
mestria e sabedoria.
A saga desta história, que se arrasta no tempo e
no espaço, corrói mentalidades, que qualquer imposto não devolve. É, o
prolongamento de uma doença que corrompe corpos e mentes, num processo
hereditário, cuja genealogia não obedece à tradição familiar, mas as “mãos
habilidosas” que se intrometem com a sua sabedoria e mestria na exaltação de um
absolutismo, que faz lembrar o fascismo.
Por isso, “o Estado está a ver-te” recai mais
sobre aqueles que procuram ter uma “consciência cívica”, que pugnam por “justiça
fiscal e social”, e, que não ficam imunes às contradições do próprio sistema, e,
de “mãos habilidosas”, que se escondem debaixo das suas máquinas.
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